Um dia após o anúncio da entrada na “corrida” à liderança da ONU de Georgieva, o assunto voltou a ser abordado na conferência de imprensa diária da Comissão, tendo o porta-voz Margaritis Schinas reiterado o executivo liderado por Jean-Claude Juncker concedeu uma licença sem vencimento, durante o mês de outubro, à vice-presidente, “que tem que fazer a sua campanha, juntamente com outros candidatos europeus neste processo”, sem recurso a quaisquer meios do executivo comunitário.
“Reitero que durante este período de licença sem vencimento durante o mês de outubro, a Comissão e Kristalina Georgieva irão garantir, em total transparência, que a campanha dela como candidata para o cargo de secretário-geral da ONU não vai de forma alguma forma ter impacto nos recursos ou na independência da Comissão”, declarou.
Questionado sobre se a ausência de Georgieva, por pelo menos durante um mês, não terá efeitos negativos nas negociações em curso sobre o orçamento da União Europeia para 2017, o porta-voz defendeu que “não há qualquer vazio”, e apontou que o comissário nomeado para a substituir temporariamente – Gunther Oettinger, que acumulará assim os “dossiês” do Orçamento e Recursos Humanos (da responsabilidade da comissária búlgara) com a pasta da Energia – “tem mandato durante este período (de outubro) para desempenhar inteiramente os deveres institucionais da Comissão nesta área”.
Na quarta-feira, numa reunião da comissão de Orçamentos do Parlamento Europeu, alguns membros, entre os quais o eurodeputado português social-democrata José Manuel Fernandes, coordenador do Partido Popular Europeu (PPE) para esta comissão, criticaram a candidatura da comissária Kristalina Georgieva à liderança da ONU, considerando que a mesma é prejudicial à União Europeia.
Segundo José Manuel Fernandes, a candidatura e a suspensão do mandato da vice-presidente da Comissão “não é compreensível num momento de negociações cruciais”, sobre o Orçamento da União para 2017, mas também de revisão do quadro financeiro plurianual, pastas que “o comissário da Energia não conhece”, pelo que “traz instabilidade” num momento já particularmente delicado do projeto europeu.
Georgieva, que se juntou na quarta-feira à corrida pela liderança das Nações Unidas, vai defender a sua candidatura à liderança da ONU perante a Assembleia Geral das Nações Unidas na próxima segunda-feira.
A Bulgária anunciou na quarta-feira a mudança da sua candidata ao cargo de secretário-geral da ONU, substituindo Irina Bokova por Kristalina Georgieva, candidata apoiada pela chanceler alemã, Angela Merkel, considerada a mais difícil adversária do ex-primeiro-ministro português António Guterres.
Os 15 membros do Conselho de Segurança realizaram já cinco rondas de votação informais e secretas para tentar avançar na seleção do próximo líder das Nações Unidas, em que António Guterres se destacou como favorito, atendendo a que as venceu todas.
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