Atualmente, perante a situação pandémica, o mais indicado é viajar localmente. A boa notícia é que Portugal tem apostado cada vez mais num turismo sustentável, investindo numa oferta que tem em conta os ecossistemas à sua volta e que, consequentemente, dinamizam as comunidades locais. 

1. Para onde ir?

A primeira coisa a fazer é decidir para onde quer ir, claro. De norte a sul, do litoral ao interior, há vários lugares para onde pode ir, mas terá de ter em atenção os projetos que escolhe visitar. 

“Se há projetos que têm potencial de contribuir positivamente para a sustentabilidade, quer económica, quer social, quer ambiental, há outros que podem ter impactos catastróficos”. O alerta é de Catarina F. P. Barreiros, produtora de conteúdos que fez parte do projeto Ding Dong – um desafio lançado a 15 influencers em 5 países europeus com o objetivo de dar a conhecer os melhores projetos verdes ativos, e que, ao mesmo tempo, ensina como fazer viagens com o mínimo impacto ecológico possível.

Ding Dong: sustentabilidade à “sua porta”
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Regra geral, quanto menor for a distância viajada, menor será a pegada associada. Mas não precisa de se limitar a destinos perto de casa. Procure projetos que tenham em mente o seu impacto no ambiente, que aproveitem da melhor forma o contexto em que estão inseridos e que apoiem a comunidade local. “Mais importante do que a maneira como viajamos é para onde viajamos e que projetos escolhemos apoiar”, reitera Catarina Barreiros ao SAPO24.

Todos os anos, são eleitos os 100 destinos mais verdes do mundo, reforçando e incentivando o turismo sustentável à volta do globo. Portugal teve direito a 11 entradas na lista, nomeadamente: Alto Minho, Águeda, Arouca, Açores, Cascais, Dark Sky Alqueva, Lagos, Serras do Socorro e Archeira, Sintra e a Região Oeste. 

2. Mala leve, mente leve 

Quando viaja não precisa de ir com a casa atrás, leve apenas o essencial. Se for de carro, até poupa no combustível, uma vez que o automóvel vai mais leve, e, consequentemente, também consegue reduzir as emissões de carbono. 

Além de pouca roupa, deve apostar em produtos que sejam sustentáveis e biodegradáveis. Tente reduzir ao máximo o consumo de produtos em embalagens de plástico, levando consigo, por exemplo, escovas de bambu, garrafas de água reutilizáveis ou produtos sólidos de higiene. Pode até utilizar aplicações como a Tap para encontrar o local mais próximo para encher a sua garrafa de água.

3. Escolha o seu modo de transporte

Agora que já tem a mala feita, rumo ao destino. Mas como é que chega lá? O transporte que escolher vai definir o quão leve ou pesada será a sua pegada ecológica. Uma ótima forma de perceber a quantidade de carbono que vai gerar com a sua viagem é utilizar a calculadora de emissões EcoPassenger.

Sabia que estamos abaixo da média europeia no que toca à utilização de transportes públicos? De acordo com o Eurostat, em 2018 estávamos nos últimos quatro países, com um valor de 11,6% no transporte total de passageiros. Desde barcos, comboios, autocarros e metro, há várias opções que o ajudam a poluir menos, emitindo menos gases de efeito de estufa e outros poluentes nocivos.

“Senti-me sempre bastante segura a viajar de transportes públicos, todas as pessoas estavam a usar máscara e tinha o meu desinfetante comigo”, conta Anna Masiello, recordando a sua viagem no âmbito do projeto Ding Dong. 

Se não tiver outra opção a não ser ir de carro, lembre-se de que quanto maior o número de passageiros, menor será a pegada de carbono por quilómetro por casa pessoa. Caso planeie viajar sozinho, considere ir à boleia – pode combinar com pessoas que conhece ou até mesmo através de redes sociais. 

Ou que tal optar por serviços de carsharing? Assim poupa não só o ambiente como também o seu bolso. Existem plataformas que o ajudam a encontrar pessoas que vão para o mesmo sítio, como é o caso da Carpool World ou da BlaBlaCar.

4. Coma e beba como os locais 

A alimentação a nível mundial é responsável por cerca de 1/4 das emissões dos gases de efeito estufa gerados (GEE) todos os anos. Por isso, é preciso ter em mente o que vai comer durante a sua viagem, de modo a causar o menor impacto ambiental possível. 

Experimente pratos vegetarianos ou veganos. De forma geral, irão ter um menor impacto ambiental, uma vez que a agricultura é uma grande produtora de gases de efeito de estufa – mais especificamente 14,5% anualmente. 

Mas o mais importante é comer localmente e sazonalmente, visitando os mercados e restaurantes da área em que se encontra. Assim, ajuda os produtores locais, que, por não virem de longe, geraram menos emissões com o transporte, e também a restauração local. Quem sabe se não descobre um novo prato preferido?

5. Pondere a melhor opção de alojamento

É muito fácil ser seduzido por fotografias incríveis de resorts ou hotéis com tudo incluído. Mas a verdade é que neste tipo de alojamentos muitas vezes se usa imenso plástico e também há um consumo elevado de água, por se lavarem diariamente os lençóis, toalhas, entre outros. Além disso, muitos pertencem a empresas internacionais e o dinheiro não é reinvestido na comunidade local. 

Por isso, recomenda-se que procure por alojamentos que tenham certificados de sustentabilidade que comprovam a adoção de práticas verdes, desde minimizar o desperdício até ao apoio da proteção da vida selvagem local. 

Considere também ficar numa residência de acolhimento ou numa residência partilhada. Já existem plataformas que facilitam o trabalho na hora de procurar, como o Airbnb.