Para José Amaro, presidente do Motoclube de Faro, organizador da concentração de motos algarvia, as informações sobre as detenções de 59 pessoas ligadas ao grupo de motociclistas “Hells Angels” para evitar um ataque na concentração, estão a ser “empoladas pela imprensa”.

“Há sempre preocupação todos os anos com a segurança da concentração, principalmente sobre o problema dos incêndios. Essa é uma das principais preocupações da organização, porque a concentração está numa zona propícia a incêndios”, disse José Amaro, referindo-se ao facto de o recinto e o parque de campismo disponibilizado pela organização estar junto a uma mata.

O presidente do motoclube garantiu que “toda essa organização está preparada com os bombeiros e as autoridades” e frisou que, “no que se refere à outra segurança, dentro do recinto, o dispositivo vai ser precisamente igual ao do ano passado”.

“Se por acaso existe algum reforço em termos de segurança da parte das autoridades, compete a essas autoridades falar dele. Agora, nós, dentro do recinto, temos um dispositivo idêntico ao do ano anterior”, acrescentou, afastando a ideia de reforço de meios por causa da alegada ameaça contra a concentração.

O dirigente do Motoclube de Faro lamentou que “a imprensa tenha empolado tudo o que se passou” e avançado com “informações que davam conta de atropelamentos e coisas dessas” e considerou que “isso pode acontecer em todo o lado e não se pode prever uma coisa dessas, seja na concentração de Faro ou noutro sítio qualquer”.

“Não foram tomadas nenhumas medidas fora do vulgar e esperamos que a concentração corra dentro dos moldes dos anos anteriores e que seja uma grande festa e um evento de propaganda do motociclismo”, reiterou o presidente do Motoclube de Faro, pedindo às pessoas que se desloquem “com normalidade” ao recinto, onde são esperadas 18.000 inscrições.

A Polícia Judiciária deteve na semana passada 59 elementos do grupo de motociclistas Hells Angels (58 em Portugal e um na Alemanha), por indícios de tentativa de homicídio, roubo, ofensa à integridade física e associação criminosa.

Segundo explicou na altura a coordenadora da Unidade Nacional de Combate ao Terrorismo, Manuela Santos, a operação policial estava programada há algum tempo, mas teve em conta a realização, do encontro de motards de Faro, onde poderiam ocorrer novamente confrontos entre os dois grupos.

Os atos violentos ocorridos em março no Prior Velho, Loures, que envolveram dois grupos rivais de motards, Hells Angels e Red&Gold, e que fizeram seis feridos, dos quais três graves, foi a primeira manifestação mais violenta da organização que levou a PJ a agir.

Os 58 detidos em Portugal já foram ouvidos em tribunal e irão conhecer as medidas de coação hoje, sendo que o Ministério Público pediu prisão preventiva para 54 deles.