Uma marcha de Morales, que governou o país entre 2006 e 2019, e quase 10 mil apoiantes começou na terça-feira da semana passada na cidade de Caracollo, 190 quilómetros ao sul de La Paz, e avança em direção à sede do governo.
O protesto deve chegar nesta segunda-feira a La Paz, segundo o ex-presidente, apesar dos confrontos violentos entre seguidores dos dois políticos, com a crise económica como pano de fundo.
"Uma guerra civil, como diz um dos seus operadores (políticos), é precisamente o que gostariam os inimigos internos e externos do nosso Estado Plurinacional da Bolívia (...) Não permitiremos", afirmou Arce numa mensagem na televisão, ao lado do seu vice-presidente, David Choquehuanca, sem revelar o nome do colaborador de Morales acusado.
"Para que aconteça uma guerra civil, são necessárias pelo menos duas frentes antagónicas e este é um prazer que não te daremos, a nossa aposta é na paz", declarou.
Arce e Morales estão em desacordo sobre a liderança do partido de governo e a candidatura presidencial para as eleições de agosto de 2025, embora apenas o ex-governante tenha anunciado que deseja concorrer.
Com pedras, pedaços de paus e fogos de artifício, os seguidores de Arce e Morales enfrentaram-se duas vezes ao longo da caminhada.
O primeiro confronto aconteceu na quarta-feira, na cidade de Vila Vila, logo após o início da marcha, e deixou 26 feridos, segundo o Ministério da Saúde.
O segundo aconteceu no domingo na região de Ventilla, nas imediações da cidade de El Alto, uma passagem obrigatória da marcha em direção a La Paz. Oito pessoas ficaram feridas.
"Esta mobilização não tem como finalidade uma reivindicação social, o seu objetivo primordial é interromper o atual mandato constitucional", disse a ministra dos Negócios Estrangeiros, Celinda Sosa, em cartas enviadas às Nações Unidas, ao Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
A interrupção do governo Arce, alegou, aconteceria com a "antecipação das eleições nacionais e a viabilização de uma nova candidatura do senhor Morales, apesar de a Constituição Política do Estado não permitir".
O governo destaca que a Constituição prevê a reeleição imediata ou consecutiva apenas uma vez, o que impediria Morales de concorrer novamente, embora o ex-presidente insista que está permitida, quando acontece após ao menos um mandato presidencial.
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