“Eu quero construir pontes. Acho que temos que dar um sinal ao país e não venho aqui escavar ainda mais trincheiras, conto realmente com todas as pessoas que tenham disponibilidade, talento e que estejam de boa-fé”, afirmou o único eurodeputado eleito pelo CDS-PP.
Nuno Melo sublinhou que o que o motiva é “para o futuro e para fora” e não “para dentro e em ajuste de contas”.
Questionado se ficaria surpreendido se o ex-líder Manuel Monteiro apresentasse uma candidatura à liderança, Nuno Melo admitiu que sim: "Eu diria talvez que sim, dadas as circunstâncias, diria que sim".
“Eu tenho consideração pelo professor Manuel Monteiro e o facto de ele vir é, para mim, um sinal importante em relação ao futuro do partido. O que me interessa é perceber que quando o partido vive um momento tão mau muitas pessoas com responsabilidades passadas e responsabilidades presentes vêm cá e dão esse sinal para fora, isso é que me interessa”, referiu.
Para Nuno Melo, o “sinal mais importante” é o facto de as pessoas quererem “resgatar o CDS-PP”.
Perante as circunstâncias, o centrista mostrou-se disponível para “falar com todos” e assinalou que "dá a cara" pela sua moção de estratégia que não é "uma barriga de aluguer".
“Uma coisa eu digo, a minha moção não é uma barriga de aluguer, eu sou o primeiro subscritor da minha moção, dou a cara por ela e vou a votos por ela. Tudo em cima da mesa às claras e sem truques”, sustentou.
Também à chegada ao Congresso, o candidato Miguel Mattos Chaves defendeu que este congresso representará a "refundação" do partido mais do que a "ressurreição".
"Cometemos desde 2011 vários erros em termos ideológicos e em termos de mensagem ao eleitorado, resulta que com isso afastamos bastante do nosso eleitorado em favor de outros partidos ou da abstenção", considerou, frisando que "o partido não morreu", tem a vice-presidência do Governo Regional do Açores, a presidência da Assembleia Regional da Madeira, e cerca de 1.400 autarcas.
O 29.º Congresso do CDS-PP reúne-se até domingo em Guimarães (distrito de Braga) para eleger o próximo presidente do partido.
Nuno Melo diz querer “salvar o CDS” e falar “do futuro e para fora”
O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo afirmou hoje que decidiu avançar “porque é tempo de salvar o CDS”, avisando que para tal o partido tem de falar para fora e do futuro.
Na intervenção de apresentação da sua moção perante o 29.º Congresso do CDS-PP, “Tempo de Construir”, Nuno Melo manifestou confiança de que “o CDS vai dar a volta aos momentos tão difíceis do presente”.
“Mas o CDS terá de o fazer a falar sobre o futuro e para fora e não sobre passado e para dentro.”, avisou o antigo deputado, que foi aplaudido de pé pela maioria do Congresso no arranque da sua intervenção.
Nuno Melo justificou a sua candidatura “no momento mais difícil” dos 47 anos do partido, quando perdeu a representação parlamentar, para devolver ao CDS o que o partilho lhe deu.
“Estou aqui porque é tempo de salvar o CDS”, sublinhou.
Nuno Melo quer fim de “purificação doutrinária” e pede regresso de militantes ilustres
O candidato à liderança do CDS-PP Nuno Melo assegurou que, se for eleito, acabará com “processos autofágicos e pouco inteligentes de purificação doutrinária”, apelando ao regresso ao partido de militantes como António Pires de Lima ou Adolfo Mesquita Nunes.
“Ninguém cresce subtraindo. E neste partido fazemos todos falta”, afirmou o eurodeputado, na apresentação da sua moção, perante o 29.º Congresso do partido.
Nuno Melo salientou que “o CDS foi um partido onde democratas-cristãos, conservadores e liberais se sentiam bem, porque complementares” e deixou uma garantia.
“Se for presidente do CDS, podem ter a certeza, acabarei com tendências artificiais, barricadas em processos autofágicos e pouco inteligentes de purificação doutrinária”, disse.
O candidato à liderança deixou uma palavra especial para alguns militantes ilustres que deixaram recentemente o CDS-PP.
“Uma palavra para António Pires de Lima, para o Adolfo Mesquita Nunes, para o Francisco Mendes da Silva, para o João Condeixa e para tantos outros, que neste momento não estão aqui, mas que pretendo que voltem. Esta é a vossa casa e durante dois anos farei tudo para que o percebam”, afirmou.
Na sua intervenção, Nuno Melo prometeu ainda que, se for eleito, promoverá um Congresso de revisão estatutária que permita que todos os presidentes de Câmara do partido tenham assento nas reuniões da comissão política nacional e um seu representante nas reuniões da comissão executiva, órgão restrito da direção onde quer também o presidente da Juventude Popular.
“Agora que não estamos na Assembleia da República, os nossos governantes regionais e os nossos autarcas, das assembleias de freguesia às presidências de câmara e assembleias municipais são o nosso maior ativo. Aproveitá-los e potenciá-los, beneficiar do seu trabalho e exemplo será crucial”, disse.
Nuno Melo defendeu que, para recuperar a representação parlamentar perdida nas últimas legislativas, o CDS terá de ser visto como útil.
“Isso implica ideias nítidas, identificar problemas, mas também a capacidade de apontar as soluções. Quero resgatar para o CDS ideias identitárias de sempre, que outros hoje tratam como suas, porque deixaram DE ser suficientemente nítidas cá dentro”, disse.
Nessa linha, assegurou que, se for eleito líder, o CDS voltará a ser “a voz dos professores, dos contribuintes, dos pensionistas, das forças de segurança, dos ex-combatentes, dos agricultores, do mar como setor estratégico”.
“Mas também estarmos na primeira linha das ‘novas agendas’, que estão no epicentro das decisões europeias, casos da sustentabilidade, da energia, da economia verde, ou da transição digital”, assegurou.
Nuno Melo agradeceu aos independentes que ajudaram a construir a sua moção e prometeu ainda trazer “as mulheres do CDS para a linha da frente” das decisões do partido, dando como exemplo máximo a antiga deputada Cecília Meireles.
“Queria trazer muitas das Cecílias Meireles que estão no partido e só não se notam (…) Não me comprometo com paridades, mas com mulheres de talento e a darem a cara por este partido”.
Nuno Melo, que acabou a falar 14 minutos em vez dos dez reservados a cada um dos primeiros subscritores de moções, deixou ainda uma palavra ao autarca do partido em Velas, devido à ameaça sísmica na ilha de São Jorge, e para alguns militantes ausentes do Congresso por estarem com covid-19, como o ex-líder parlamentar Telmo Correia, o antigo presidente da Mesa do Congresso, Luís Queiró, ou o ex-presidente do CDS-PP Açores, Artur Lima.
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