“O CDS, que é um partido histórico, tem de dialogar preferencialmente com o PSD. Até porque temos de ter a capacidade de construir um projeto que tenha base sociológica”, afirmou à agência Lusa o ex-deputado, que apoia a candidatura de João Almeida a presidente dos centristas, no 28.º congresso nacional, em 25 e 26 de janeiro, em Aveiro, que vai escolher o sucessor de Assunção Cristas na liderança.
Esse entendimento, recordou, “já foi feito recentemente”, após o último governo de centro direita (PSD-CDS), e “até ganhou essas eleições” legislativas, em 2015, numa coligação, e “isso é o mais importante”.
Numa alusão aos novos partidos que surgiram nas legislativas de 2019, dois dos quais, o Chega e a Iniciativa Liberal, entraram no parlamento com um deputado cada, o antigo ministro da Solidariedade, Trabalho e da Segurança Social (2011-2015) deixou um aviso.
“Convém não desfocarmos a discussão do que será o futuro do CDS para uma dimensão, por muito respeito que eu tenha, é sempre reduzida”, afirmou.
Mota Soares tem, até, dúvidas que as novas formações estejam interessadas em entendimentos do centro-direita.
“Nem sei se os novos partidos estão com disponibilidade de integrar essa mesma plataforma, Não sei. Mais uma vez, não me parecer que seja o centro deste projeto. O centro deste projeto é com os partidos que representam, do ponto de vista histórico e sociológico, dimensões, correntes de opinião em Portugal. E esse é que é o entendimento essencial”, insistiu.
Para Mota Soares, “não faz sentido que, tendo caído um muro de Berlim à esquerda, que permitiu que os partidos à esquerda estejam a falar, que, de alguma forma, se esteja a construir um muro de Berlim à direita que dificulta que os partidos falem”.
E alertou que, após as legislativas de 2019, em que o centro direita teve o seu pior resultado de sempre, o “beneficiário” de a direita “se ter estilhaçado” foi António Costa, primeiro-ministro do Governo minoritário do PS.
Questionado sobre o Chega, o ex-ministro aconselhou o seu partido a afastar-se de discursos radicais ou até xenófobos, insistindo que “o CDS é um partido histórico”, “já teve resultados eleitorais maus e conseguiu sempre reerguer-se”.
Nesta estratégia, os centristas não podem abandonar as suas “causas”, como a segurança de pessoas e bens, ou o ataque ao aumento da carga fiscal, admitindo Mota Soares que, “se calhar”, um dos erros do passado foi ter “desfocado muito o seu discurso e querer falar para toda a gente ao mesmo tempo”.
Apontando ao PS e a Costa, Mota Soares acusou o Governo de não estar a fazer reformas no país e de estar alheado da “revolução digital, industrial no mundo”: “Não é a esquerda mais à esquerda nem o PS que está a liderar essa discussão.”
Para Mota Soares, de entre os cinco candidatos à liderança, o porta-voz e deputado João Almeida, “neste momento, é a pessoa que tem mais capacidade e condições” para liderar os centristas “num momento que é muito difícil para o CDS e para a direita”.
Sobre as eleições presidenciais, o antigo líder da “jota” do CDS espera, pessoalmente, que Marcelo Rebelo de Sousa se recandidate nas eleições de 2022, defende que um eventual apoio seja decidido pelos órgãos nacionais do partido e faz outra advertência.
Mota Soares espera que o partido “nunca contribua, de alguma forma, para eleger um Presidente mais à esquerda”, dado que um Chefe do Estado ou “é de esquerda ou de direita”.
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