A conclusão é de duas veterinárias que, numa plateia com cerca de 100 profissionais e estudantes dessa área clínica, assistiram à consulta em que o médico espanhol Carlos Vich diagnosticou um cão de raça Westi com uma ‘Malassezia’ agravada após a estada do animal em hotéis.

A presença desse fungo na pele canina é natural, mas, quando em contacto com parasitas ou elementos causadores de alergias, pode acentuar-se a ponto de se sobrepor à restante flora da derme do animal e levá-lo a morder-se e a lamber-se constantemente, obrigando a medicação crónica para solução do problema.

"O diagnóstico até é fácil de se obter com exatidão e é barato, porque não implica exames invasivos", admitiu a veterinária Ana Sequeira, que seguiu a consulta no centro de congressos Europarque.

Cathy Paranhos acrescentou que "o grande entrave à solução é a parte económica, porque este tipo de problemas obriga a medicação para toda a vida e a maioria dos donos não tem condições financeiras para a pagar".

Ana Sequeira reconheceu que os problemas dermatológicos são "muito comuns" em animais e o próprio diretor-geral do congresso, Luís Montenegro, disse à Lusa que essa especialidade "é a principal causa de deslocação às clínicas veterinárias em Portugal".

Cathy Paranhos lamentou, no entanto, a falta de apoios ou sensibilidade fiscal para a doença crónica animal e deu o exemplo da dermatite atópica como um dos problemas mais comuns a exigir despesa significativa.

"O custo da medicação depende sempre do porte do animal, mas até um cão dos mais pequenos vai precisar de cento e tal euros por mês só em medicamentos, já para não falar da ração especial", explicou.

É para evitar o agravamento destas situações que Carlos Vich e Luís Montenegro recomendam vigilância particular quando os animais são confiados à guarda de hotéis.

"Tem de haver sempre controlo parasitário, antes de se deixar o animal no hotel e depois de o tirar de lá, para evitar infestações de pulgas, carraças ou piolhos", realçou o veterinário espanhol.

Já o médico português aconselhou maior cuidado até na fase de escolha do hotel e de avaliação da sua reputação.

"O dever do proprietário é entregar o animal já com ele sujeito a um programa antiparasitário externo de grande espetro, mas convém averiguar se há reclamações quanto ao hotel e se é comum os animais saírem de lá com problemas", disse.

Para Luís Montenegro, "se o hotel for responsável, nem sequer aceita alojar um animal que não tenha a sua vacinação atualizada e o devido tratamento antiparasitário".