Vasco Pinto de Abreu, conselheiro das Comunidades Portuguesas por Joanesburgo, e José Luís da Silva, conselheiro da Diáspora Madeirense, reagiam assim, em declarações à Lusa, à formalização na terça-feira de um memorando de cooperação institucional entre a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e o Ministério dos Negócios Estrangeiros para apoiar a comunidade portuguesa na África do Sul.

Segundo Vasco Pinto de Abreu, "é muito positivo, apesar de não se saber exatamente o conteúdo do memorando agora assinado […] mais do que até o aspeto financeiro, também importante, será ainda mais relevante o acompanhamento técnico e também a formação dos funcionários dos Lares abrangidos e do Lusito [escola para crianças com necessidades especiais]".

"Espero que esta parceria não caia no esquecimento por parte dos parceiros", frisou o conselheiro português, relembrando uma "promessa" feita há largos anos de "anualmente, a receita de uma semana de um dos Jogos da Santa Casa reverter para o apoio das obras de Beneficência das Comunidades na África do Sul".

"De qualquer modo, saúdo esta iniciativa da Secretaria de Estado, da Santa Casa da Misericórdia e a persistência do presidente da Academia-Mãe do Bacalhau de Joanesburgo, Manuel de Arede", referiu Vasco Pinto de Abreu.

A comunidade portuguesa na África do Sul é estimada em cerca de 450 mil pessoas, na sua grande maioria imigrantes da Região Autónoma da Madeira.

"Os consulados [em Pretória, Joanesburgo e Cidade do Cabo] deveriam ser dotados de montantes de reserva para acudir a pessoas em situações de pobreza extrema, francamente, indigentes, sem eira nem beira, pessoas essas que estão fora do alcance dessas organizações de solidariedade agora contempladas", adiantou à Lusa o conselheiro da Diáspora Madeirense, José Luís da Silva.

O conselheiro apelou à sociedade portuguesa "a mobilizar-se de forma a minimizar o sofrimento de centenas de portugueses que se encontram numa encruzilhada difícil das suas vidas" na África do Sul.

No âmbito do apoio a instituições de assistência social na África do Sul, a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, anunciou em novembro, em Joanesburgo, que o Governo realizou uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), através da qual atribuiu este ano uma verba de 60 mil euros a quatro instituições portuguesas na África do Sul, cabendo 15 mil euros a cada entidade.

Berta Nunes, que visitou pela primeira vez o país, acompanhada pela diretora de Ação Social da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria da Luz Cabral, explicou que o apoio abrangeu a Escola do Lusito, de apoio a crianças com necessidades especiais e outros três lares dedicados aos idosos, em Joanesburgo e Pretória.

Na terça-feira, o provedor da SCML, Edmundo Martinho, explicou à Lusa que o memorando visa um mecanismo de cooperação institucional entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e a SCML para apoiar a comunidade portuguesa na África do Sul, dando continuidade ao apoio monetário que abrangeu as quatro instituições.