A acessibilidade à ilha, a falta de recursos humanos na saúde e o apoio à Câmara Municipal de Vila do Porto nos custos de manutenção do património da zona do aeroporto são as questões que o Conselho de Ilha identificou como prementes e que vai colocar ao Governo dos Açores.
Para o presidente do Conselho de Ilha de Santa Maria, Daniel Gonçalves, é imperativo que as acessibilidades à ilha sejam revistas, afirmando ter “muita dificuldade em entender como a frequência das viagens, a quantidade de lugares disponíveis, o custo das viagens e mesmo a organização dos horários continuam a prejudicar quem se quer deslocar para a ilha de Santa Maria ou sair da ilha”.
Daniel Gonçalves considera que é preciso avaliar “o aproveitamento que se possa fazer dos reencaminhamentos e dos benefícios que possam resultar da liberalização do espaço aéreo, e ver benefícios concretos de as pessoas não irem apenas para São Miguel ou para a Terceira, mas chegarem às ilhas mais pequenas”.
A questão da acessibilidade afeta, também, os cuidados de saúde, uma vez que não há consultas de especialidade na ilha e, no Inverno, é frequente que um paciente tenha de se ausentar da ilha durante três dias para ir a uma consulta, devido à falta de voos. Contudo, o maior problema da Unidade de Saúde da ilha é a falta de recursos humanos, não só no que toca a médicos de especialidade, mas também a médicos de família e enfermeiros.
Em relação ao património da zona do aeroporto, que foi transferido da ANA - Aeroportos de Portugal para o Governo, através da empresa Ilhas de Valor, e, mais tarde, vendido, Daniel Gonçalves pede que o Governo Regional apoie a Câmara Municipal de Vila do Porto a comportar os custos de manutenção da zona, que incluem encargos com saneamento, manutenção de jardins e mobiliário urbano.
O presidente do Conselho de Ilha de Santa Maria diz que é importante perceber “até que ponto o Governo Regional consegue investir parte do dinheiro que ganhou com a venda desse património na recuperação real dessa infraestrutura, que não pode de maneira nenhuma ficar a cargo do município”, uma vez que “não há recursos, não há uma forma de o fazer sem pôr em causa o futuro da ilha nos próximos anos, em termos de investimento camarário”.
O programa de visitas do Governo
São dois dias repletos de iniciativas que esperam Vasco Cordeiro e a sua comitiva governamental, tendo em vista reunir com entidades da ilha e visitar obras que estão a realizar-se, fruto de investimento público em curso.
O presidente começa por lançar a primeira pedra da obra de requalificação do Cinema do Aeroporto, em Vila do Porto, seguindo para Santo Espírito, onde vai inaugurar o Centro de Atividades de Tempos Livres da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Porto, com capacidade para vinte crianças.
De regresso a Vila do Porto, Vasco Cordeiro assiste a uma sessão do projeto “Aprender a Socorrer”, organizada pela Santa Casa da Misericórdia, que pretende sensibilizar os idosos sobre atitudes e comportamentos a ter em situações de emergência.
Ao final da tarde, o Governo Regional reúne-se com o Conselho de Ilha, antes da Reunião do Conselho do Governo marcada para as 21h30.
Na quarta-feira, o presidente do Governo Regional preside à apresentação do projeto de beneficiação do Caminho do Facho, visita a empreitada de proteção costeira do troço a norte do Porto da Maia e preside à inauguração do Polo de Vila do Porto do Museu de Santa Maria, que explora o tema “A primeira ilha”, por esta ter sido a primeira do arquipélago a ser descoberta e povoada.
À semelhança do que tem vindo a acontecer desde a legislatura anterior, a visita termina com uma sessão em que os membros do Governo recebem a população da ilha, na Escola Básica e Secundária de Santa Maria, em Vila do Porto, para um momento em que os marienses são convidados a colocar questões ao executivo.
Do programa da visita constam, ainda, iniciativas como a entrega de uma viatura para o Serviço de Apoio Domiciliário do Recolhimento de Santa Maria Madalena, a assinatura de um protocolo com a associação Salvaterra, a autorização de apoios para a reabilitação de habitação degradada e uma monitorização da “Estrelinha de Santa Maria”, uma ave endémica da ilha que tem a particularidade de ser a mais pequena da Europa.
O executivo açoriano deve visitar cada ilha do arquipélago pelo menos uma vez por ano, de acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores que dita ainda que o Conselho do Governo se reúna na ilha visitada.
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