Em causa está o recinto desportivo que, ambicionado há mais de 40 anos pela comunidade desse município do distrito de Aveiro, deverá funcionar como sede do Sporting Clube de Espinho e acolher diversos eventos competitivos e culturais, segundo um projeto do arquiteto Rui Lacerda (1954-2018) e do seu filho Diogo Lacerda.
Após um concurso público a que se candidataram três construtoras, o júri decidiu atribuir a empreitada à PEMI Engenharia e Construção Lda., por reunir as condições "mais vantajosas em termos de preço e mérito", e a adjudicação foi segunda-feira aprovada em reunião de Câmara com os votos favoráveis do PSD e o contra do PS.
Em declarações à Lusa, o presidente da autarquia, Joaquim Pinto Moreira, refere que já não será ele a inaugurar a obra, uma vez que está a cumprir o seu terceiro mandato autárquico e a construção do imóvel deverá demorar 18 meses, mas afirma: "Este é um momento muito feliz para Espinho e muito triste para o PS, que sempre se opôs à obra, só lhe colocou dificuldades, utilizou vários expedientes para a impedir e, ao menos nesse aspeto, foi coerente, por nunca a apoiar".
Contando com o parecer favorável do Tribunal de Contas à minuta do contrato a estabelecer com a PEMI, o presidente da Câmara antecipa agora que a construção do recinto "deverá arrancar em finais de setembro ou início de outubro".
O autarca social-democrata reconhece que "a ideia não é deste executivo", mas, dizendo-se "muito satisfeito por ter sido a atual equipa a concretizá-la", defende que o estádio é "mais do que merecido por uma cidade que sempre viveu o desporto de forma muito apaixonada, por uma juventude que precisava de melhores condições para o seu desenvolvimento desportivo" e por um município que também retirará vantagens económicas de um novo foco de atração ao território.
A concelhia do PS já justificou o chumbo que deu à adjudicação, mencionando contas com critérios distintos: refere que a estimativa inicial para a construção do estádio era de 2,5 milhões de euros, valor esse que não incluía IVA; e diz que a obra custará agora "cerca de seis milhões", montante que só faz sentido se então já passar a incluir o respetivo IVA, e ainda os cerca de 100.000 euros pagos pelo estudo prévio e projeto arquitetónico - o que, mesmo assim, só totalizará cerca de 5,6 milhões.
"A proposta final da Câmara sofre um aumento superior a três milhões de euros, ascendendo agora a cerca de seis milhões, mais do que duplicando o custo de um equipamento que passa a ter apenas uma bancada coberta e menos valência", refere o PS, com base em cálculos que não esclarece.
Independentemente dessas contas, os socialistas argumentam que a crise decorrente da pandemia de covid-19 deveria impor mais contenção à autarquia.
“É inconcebível que a Câmara dê prioridade a um investimento de cerca de seis milhões de euros num estádio de futebol que vai entregar a um clube enquanto as famílias espinhenses passam graves dificuldades financeiras, os comerciantes e o tecido económico lutam para não encerrar a sua atividade, e várias instituições procuram sobreviver no meio de tantas adversidades inesperadas", sustenta o PS.
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