Continuam os protestos nas ruas das principais cidades do Irão depois da morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi presa pela polícia moral por, supostamente, quebrar as regras de vestuário impostas pelo regime.

As manifestações prosseguiram ao longo do dia, com especial incidência em Teerão e Mashhad, principal cidade santa do país. De acordo com a agência de notícias Fars, "várias centenas de pessoas gritaram contra as autoridades e algumas tiraram o véu, gritando ´morte à República Islâmica´".

Segundo a mesma agência, citada pela AFP, as forças de segurança iranianas dispersaram com gás lacrimogéneo uma manifestação e efetuaram várias detenções após a morte da jovem, na semana passada.

Nesta segunda-feira, a polícia tentou impedir os protestos recorrendo a canhões de água para expulsar os manifestantes.

Horas mais tarde, imagens surgiram nas redes sociais com os protestantes a derrubar e a queimar a bandeira do Irão.

"As mulheres iranianas estão zangadas. Elas sabem que Mahsa Amini não será a última vítima [da polícia] e por isso estão a dizer ´basta´", declarou ao News18, Masih Alinejad, uma ativista iraniana radicada em Nova Iorque.

A jovem Mahsa Amini era de origem curda e estava em Teerão a visitar familiares quando foi presa pela polícia da moralidade por desrespeitar as regras de utilização do véu islâmico.

Horas depois da detenção, foi dada como morta, vítima de um ataque cardíaco ou de um AVC.

Amini deveria ter sido libertada após uma "sessão de reeducação", segundo as informações prestadas à família, mas ao invés foi transportada ao hospital, dando entrada na unidade de cuidados intensivos. A causa da morte não foi divulgada oficialmente pelo hospital.

Segundo as autoridades policiais, que negaram ter havido qualquer forma de agressão, a jovem de 22 anos sofreu um ataque cardíaco, o que a família disputa, dizendo que Mahsa Amini era uma mulher saudável e não sofria de problemas de saúde.

Acredita-se que a jovem terá sido espancada no momento da detenção, segundo testemunhos reportados pelo jornal The Guardian, na sexta-feira (16), o que lhe terá causado ferimentos graves.

O uso do hijab (véu islâmico) na rua é obrigatório para as mulheres desde a revolução islâmica em 1979. Desde então, quem for apanhada sem o véu está a cometer crime, podendo acabar na prisão.

(Notícia atualizada às 22h50)

Com AFP*