A abertura da reunião magna dos liberais foi antecipada meia hora, para as 09:00, mas só acabaria por iniciar-se pelas 10:05, depois de os trabalhos de sábado terem terminado cerca das 01:00 no sábado e de ter transitado para hoje o ponto de apresentação e debate das listas candidatas ao Conselho Nacional, Conselho de Jurisdição e Conselho de Fiscalização.

Carla Castro chegou ao Centro de Congressos de Lisboa cerca das 09:00, seguida em cerca de dez minutos pelo candidato Rui Rocha, apoiado pelo presidente cessante, João Cotrim Figueiredo, que o saudou com um abraço à chegada.

O candidato José Cardoso foi o primeiro a chegar, ainda antes das 09:00.

Tanto a entrada de Carla Castro como a de Rui Rocha na nave central do centro de congressos foi acompanhada de aplausos.

Os 2.300 membros inscritos na convenção votam hoje de forma eletrónica para escolher o seu novo líder, na primeira vez que a IL tem umas eleições internas com mais do que uma lista à comissão executiva, um calendário eleitoral antecipado provocado pela decisão de João Cotrim Figueiredo não concluir o seu mandato.

A divisão e a incerteza quanto ao desfecho destas eleições foram notórias ao longo do primeiro dia, tendo em conta a reação da sala aos diferentes discursos de Carla Castro e de Rui Rocha e dos apoiantes de ambas as listas.

Carla Castro: “Amanhã o objetivo é estarmos todos unidos a combater o socialismo”

À entrada para o segundo e último dia de trabalhos da VII Convenção da IL, em Lisboa, Carla Castro, muito aplaudida na reunião magna no primeiro dia, disse confiar que o partido vai estar unido depois das eleições internas de hoje, e assegurou que se manterá no parlamento “seja qual for a direção” vencedora.

Questionada se já trazia um discurso escrito em caso de vitória, respondeu: “sobretudo no coração”.

Já sobre as críticas do presidente cessante, João Cotrim Figueiredo, que a acusou de “falta de hombridade”, Carla Castro disse que, “discordando” dessas palavras, hoje prefere concentrar-se no projeto de futuro da IL.

“Os membros liberais têm de escolher o projeto em que mais se reveem”, disse, admitindo que no sábado “ouviu a sala” a aplaudi-la, mas hoje será tempo de ouvir os membros, que votarão eletronicamente nos órgãos nacionais.

Carla Castro afirmou que, como integrante da comissão executiva cessante, não só é responsável como tem “orgulho no sucesso da IL”. “O que estamos a propor é continuar tudo o que coreu bem e uma alternativa para a gestão interna do partido diferente”, disse.

À entrada para o Centro de Congressos de Lisboa, por volta das 09:00, a candidata preferiu concentrar-se numa mensagem de união, desvalorizando o tom por vezes crispado em que decorreram as intervenções no sábado. “Estava à espera de ver o que vi, uma energia liberal pronta para ser uma alternativa a Portugal”, disse.

À pergunta se se manterá como deputada se não ganhar, a candidata assegurou que prosseguirá o trabalho parlamentar do dia-a-dia “seja qual for” a direção.

“Amanhã o objetivo é estarmos todos unidos a combater o socialismo”, disse.

Rui Rocha: “É óbvio que há sempre momentos de discussão mais acalorada, isso faz parte do processo político, estaremos seguramente mais fortes a partir de segunda-feira"

O candidato à liderança da Iniciativa Liberal e deputado, Rui Rocha, foi recebido na Convenção Nacional com um forte abraço do atual presidente João Cotrim Figueiredo e desvalorizou as críticas trocadas entre liberais, nomeadamente com Carla Castro.

Questionado sobre as críticas trocadas entre membros e candidatos no primeiro dia de convenção, nomeadamente entre si e Carla Castro, Rui Rocha desvalorizou, dizendo que a reunião magna passa a imagem de “um partido muito forte com capacidade de falar ao país”.

“É óbvio que há sempre momentos de discussão mais acalorada, isso faz parte do processo político, estaremos seguramente mais fortes a partir de segunda-feira, e conto com todos liberais, incluindo comigo, em qualquer cenário, para transformarmos o país”, assegurou.

O candidato foi confrontado por diversas vezes pelos jornalistas com alguns momentos mais acesos do primeiro dia, mas desvalorizou sempre: “Percebo que se queira concentrar nas críticas e momentos mais quentes, mas o meu objetivo como candidato à presidência do partido é dizer a todos os liberais, e também ao país, que podem contar com a IL e que a trajetória de crescimento continuará”.

“Não há fraturas irreparáveis, eu vou repetir, a minha visão e compromisso com os membros da IL, mas também com o país, é um partido forte e unido onde todos os que quiserem contribuir para este projeto terão o seu lugar”, afirmou.

Questionado sobre se segunda-feira o partido esquece a troca de críticas e eventuais feridas, Rocha disse não ser “médico ou enfermeiro”.

Quanto à relação com Carla Castro, Rui Rocha garantiu que continuará “a mesma de sempre” ou seja, “uma relação cordial, uma relação de trabalho”, mostrando-se convicto que a deputada sente o mesmo e que estarão unidos no dia seguinte à volta de um objetivo comum “que é a IL continuar a afirmar-se”.

Sobre um eventual discurso escrito, Rui Rocha respondeu que traz um “na cabeça”.

“Na minha cabeça trago porque sou uma pessoa minimamente previdente, mas isso não significa que o resultado não possa ser qualquer um, o que é importante é que os membros decidam, o meu discurso logo se vê se for o caso”, rematou.

Na primeira convenção eletiva da história da IL (fundada em 2017), disputam a presidência da Comissão Executiva Rui Rocha e Carla Castro, ambos deputados e membros da direção cessante, e o conselheiro nacional José Cardoso.