“A Oikos considera que o tempo das palavras e promessas vagas já passou, pelo que espera que a Cimeira de Madrid (COP25) seja um momento de ação e que sejam finalizadas as regras concretas de implementação do Acordo de Paris e os mecanismos de financiamento do combate às alterações climáticas sejam reforçados e implementados de forma a não contribuírem para o aumento do endividamento dos países em desenvolvimento”, lê-se no comunicado da Oikos hoje divulgado.
O comunicado da organização sublinha que o resultado da última cimeira, em 2018, ficou “muito aquém das necessidades reais do planeta” e que o último ano “trouxe muitos exemplos da verdadeira urgência que vivemos atualmente”, lembrando os ciclones Idai e Kenneth que devastaram Moçambique.
Ainda que admita progressos, como o facto de o Parlamento Europeu ter na última semana declarado o estado de emergência climática, a Oikos entende que “as respostas da comunidade internacional continuam a não ser suficientes”, e que será necessário uma redução global de emissões para a atmosfera em 7,6% na próxima década, para impedir o aumento da temperatura em 1,5º até ao final do século.
Por isso, esperam que da cimeira de Madrid saia o “reforço do financiamento ao combate às alterações climáticas, materializando os compromissos anteriormente assumidos pelos países desenvolvidos e garantindo que os mecanismos que existem adaptam-se às reais necessidades dos países em desenvolvimento e não contribuem para o aumento da dívida externa de países desfavorecidos”.
Esperam ainda a resolução de questões concretas como a proibição da dupla contabilização de emissões para a atmosfera, em que a redução das emissões seria contabilizada no país que reduz as emissões, ficando com um excedente, e no país que adquire os créditos resultantes desse excedente no mercado de carbono, no qual muitos países compram uma autorização de emissão acima do nível máximo permitido.
Meia centena de líderes mundiais vão estar presentes na segunda-feira na abertura da Cimeira sobre Alterações Climáticas de Madrid, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e na qual Portugal estará representado pelo primeiro-ministro, António Costa.
Ao todo são esperadas delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais.
Esta 'cimeira do clima' estava inicialmente prevista para se realizar no Chile, mas no final de outubro o governo chileno decidiu cancelar o evento alegando não haver condições devido a um movimento de contestação interna e de agitação civil.
O Governo espanhol avançou com a proposta de organizar a grande conferência anual sobre Alterações Climáticas e conseguiu ter tudo pronto para a sua inauguração na segunda-feira, em Madrid, apesar de a presidência da reunião continuar a pertencer ao Chile.
Segundo os objetivos definidos pela comunidade científica e em acordos assinados, mas ainda não ratificados por todos os países do mundo, nomeadamente os Estados Unidos, um dos mais poluidores, é necessário limitar a menos de 1,5 graus o aumento da temperatura global até ao fim do século.
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