“O Brasil considera que foi encontrado um equilíbrio delicado que permite ao acordo passar, ser operacionalizado e passar a ser cumprido o mandato no âmbito do Acordo de Paris”, afirmou o secretário de Assuntos de Soberania Nacional e Cidadania, Paulino Neto, numa sessão plenária para discutir a última versão dos textos propostos pela presidência britânica.
O diplomata admitiu que “o Brazil preferia que o texto fosse diferente em muitos casos”, mas aceitou o que considera que pode “servir de base para o trabalho nos próximos anos” na questão dos mercados de carbono.
Conhecido como artigo 6 do Acordo de Paris, estabelece as regras que permitiria a países incapazes de cumprir suas metas de redução de gases com efeito de estufa comprarem unidades a outros países que estão dentro dos seus limites, o que pode beneficiar o Brasil devido à importância da floresta Amazónia.
Segundo Neto, este mecanismo poderá abrir “um novo canal de financiamento internacional aos países em desenvolvimento”.
O Brasil surpreendeu na semana passada ao aderir a uma promessa internacional de eliminar a desflorestação ilegal até 2028 e anunciou uma nova meta climática com redução das emissões de carbono “mais ambiciosa” já para 2030, com o objetivo de alcançar a neutralidade de carbono até 2050.
As declarações foram proferidas no plenário de avaliação do estado das negociações da COP26, que não é ainda destinada à aprovação do texto e na qual se observou que alguns países, como China e Índia, continuam a pedir alterações.
A falta de consenso em alguns dos textos e na declaração final obrigou a Conferência, que deveria ter terminado na sexta-feira, a prolongar as discussões pelo fim de semana.
Líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos estiveram até hoje reunidos em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
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