Apontando que “era suposto” a cimeira do clima da ONU (COP26), que decorre em Glasgow, ter terminado na sexta-feira, a líder do BE afirmou que ainda “não acabou, não porque esteja com força a definir o futuro”, mas porque “está a arrastar-se de cedência em cedência”.

Catarina Martins escolheu este tema para abrir a sua intervenção num comício do partido, em Lisboa, perante cerca de centena e meia de presentes, e advogou que a COP26 — “aquela que vem depois do relatório internacional que reconhece como a ação humana acelera o aquecimento global e reconhece que o perigo é muito maior do que se julgava há uns anos” — tinha de “ter conclusões firmes, compromissos claros”.

No entanto, “atrasa-se e arrasta-se”, lamentou a bloquista.

“E neste arrastar falha o essencial, porque arrasta-se para não ter compromissos significativos com metas de descarbonização, porque se arrasta para permitir que continuem o subsídios aos combustíveis fósseis, porque se arrasta para permitir que continue a lógica do mercado de carbono e da troca das emissões”, criticou, apontando que “o lóbi das petrolíferas e o egoísmo dos mais ricos continuam a ganhar”.

A coordenadora do BE defendeu igualmente que “com o clima não se negoceia” e que “o tempo é da máxima exigência”, apontando ser necessário “mitigar as alterações climáticas mas também adaptar o território para proteger as populações”.

“Em Portugal e no mundo, o clima estará no centro das escolhas políticas e nós não nos resignamos à catástrofe, queremos o futuro de volta e aqui estamos para a luta toda”, defendeu.

No entanto, lamentou que “sobram as promessas onde falta a ação” e alertou para que “são os povos mais pobres os que mais sofrem neste jogo”.

“Mas fora da cimeira, nas ruas de Glasgow e de todo o mundo, a força dos povos, a força da solidariedade, a força da exigência continua a fazer-se sentir e terá de se fazer sentir ainda com mais força”, indicou a bloquista.

E deixou uma garantia: “É aqui, ao lado das gerações mais jovens e mais responsáveis de sempre, do ativismo ambiental e climático, em Glasgow, na Escócia, ou na Serra d’ Agra, no Minho, junto dos povos indígenas da Amazónia, que estamos e que estaremos. Baixar os braços não é uma opção”.

“Orgulhamo-nos muito da luta e do caminho que foi feito em Portugal para que tivéssemos uma Lei do Clima que impede a prospeção de petróleo e de gás, que tem metas de redução de emissões e reconhece o estatuto de refugiado climático, mas sabemos que é ainda muito pouco”, acrescentou Catarina Martins.

E indicou que o BE vai lutar “para travar as concessões para novas minas nas costas das populações”, contra a plantação de eucaliptos mas também “contra a agricultura superintensiva que explora recursos e pessoas aqui mesmo em Portugal”.