A última formulação foi conhecida hoje e enquanto uns sublinham o maior equilíbrio entre as exigências para a redução das emissões de gases de efeito estufa e as propostas de financiamento dos países pobres, outros apontam como negativo que as medidas sobre os combustíveis fósseis e o processo da saída da utilização de carbono tenham sido suavizadas.
Citado pela agência espanhola EFE, o especialista Ed King assinalou que o último texto, “parece significativamente mais equilibrado, com elementos mais fortes nos conceitos de adaptação, financiamento, e perdas e danos” devido às alterações, dando mais esperança de apoio aos países pobres.
No mesmo sentido, o ‘think-tank’ E3G sublinhou ambições mais concretas na redução das emissões e um “maior equilíbrio” entre as medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas.
Relativamente à mitigação, o novo esboço do documento final pede aos governos que revejam e reforcem os seus objetivos de redução das emissões até 2030 para a 27ª Conferência das Partes (COP27) em 2022 e insta aqueles que ainda não apresentaram a sua estratégia nacional a fazê-lo no mesmo prazo, mantendo a meta de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.
Por outro lado, manifestando uma “grande deceção” com o facto de os países ricos não terem cumprido o compromisso assumido em 2009 para apoiar em 100 mil milhões de dólares anuais, até 2020, os países em desenvolvimento, o texto aponta que esse financiamento seja assegurado entre este ano e 2025.
Ed King considera positiva a constituição prevista de um grupo de trabalho para desenvolver o conceito de “perdas e danos”, de forma a analisar subsídios para os países pobres, que são simultaneamente os mais afetados pelas alterações climáticas e menos responsáveis por elas.
Em contraste com as medidas que mereceram elogios de especialistas, o ponto mais controverso do novo texto é a mudança na linguagem utilizada num parágrafo referente aos hidrocarbonetos.
A última formulação suaviza o processo, em comparação com uma versão anterior do texto que apelava diretamente à aceleração sobre o financiamento de exploração de carvão e de combustíveis fósseis.
O porta-voz do partido ecologista espanhol Verdes Equo, Florent Marcellesi, criticou a alteração, afirmando que “como era de esperar”, o documento “foi enfraquecido pela Arábia Saudita e pela Austrália”, com a ideia de que “existem bons combustíveis fósseis”.
“Isso é uma falácia, os melhores combustíveis fósseis são aqueles que ficam no subsolo”, defendeu.
No mesmo sentido, a diretora da organização ambientalista ‘Greenpeace’, Jennifer Morgan, lamentou que a referência aos hidrocarbonetos tenha sido “enfraquecida de maneira critica”, reconhecendo, pelo menos, não desapareceram, e disse que as pegadas dos países produtores de petróleo são visíveis na nova versão.
Jennifer Morgan disse ainda que o esboço divulgado hoje reconhece melhor as necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento, mas denunciou “movimentos cínicos” para manipular as negociações sobre o mercado de compensação de carbono para favorecer os países poluidores.
Já Sara Shaw, da organização ‘Friends of the Earth’, alertou que o documento final não deve contar “lacunas e zonas cinzentas” que acabem por prejudicar os esforços para subida da temperatura média em 1,5ºC, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
O documento final da COP26 deverá ser apresentado hoje, mas informações não confirmadas indicam que os trabalhos da cimeira, para a conclusão do documento, podem não terminar até ao final do dia, tal como estava previsto, podendo prolongarem-se durante o fim de semana.
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