Em comunicado, a associação revela que o estudo demonstra que “os corços se deslocam de sul para norte e de este para oeste”.
Atualmente, as maiores abundâncias de corços encontram-se a sul da paisagem do Vale do Côa, no distrito da Guarda.
A falta de presas naturais, como o corço, leva o lobo-ibérico a não ter “outra opção senão atacar o gado doméstico”, o que causa “conflitos com os produtos” e a perseguição do animal.
"As presas selvagens têm sido escassas na área de estudo há décadas. Se os lobos tiverem uma alternativa, a predação de gado poderá diminuir", destaca, citada no comunicado, a diretora de conservação da Rewilding Portugal, Sara Aliácar.
Desde 2019, a Rewilding Portugal tem vindo a adotar medidas para, a sul do rio Douro, recuperar a população local de lobo-ibérico, que é atualmente composta por “apenas um punhado de alcateias dispersas”, mas também das suas presas naturais.
Entre as medidas estão o restauro dos ‘habitats’, a criação de 35 charcos em terrenos baldios, a recuperação de áreas queimadas por incêndios, a plantação para recuperar bancos de sementes de árvores e a limpeza de arbustos para restaurar prados.
Dentro das zonas de naturalização vários hectares de terra foram considerados "zonas de caça proibida".
"É importante que estas associações estejam envolvidas nas medidas de apoio ao regresso da espécie", destaca a responsável, adiantando que, em colaboração com a Universidade de Aveiro, foi desenvolvido um plano de gestão cinegética com as associações de caçadores locais.
O estudo demonstrou um “aumento notável” do número de corços em todas as áreas de naturalização onde têm sido implementadas medidas de restauro ecológico: Vale Carrapito, Paul de Toirões e Ermo das Águias.
Sara Aliácar destaca que a tendência de aumento do corço é “muito bem-vinda” e que os esforços devem centrar-se futuramente “na promoção da expansão da espécie para oeste”.
À semelhança do corço, a presença de outras presas selvagens do lobo-ibérico a sul do Douro poderá contribuir para reduzir a predação de gado.
As populações de javali, outra presa importante, também registaram “um aumento significativo” em todas as áreas da amostragem.
Também o veado, reintroduzido no centro do país nos anos 1990, começou a ser registado pela primeira vez no Vale do Côa.
Futuramente, a associação pretende continuar a monitorizar o corço, envolvendo a equipa da Universidade de Aveiro ao abrigo do projeto LIFE LUPI LYNX, que conta com a colaboração de vários parceiros para apoiar a recuperação das populações de lince e lobo ibéricos a sul do rio Douro em Portugal e Espanha.
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