A taxa de fecundidade — o número médio de filhos que uma mulher tem em idade fértil — na Coreia do Sul foi de 0,78 em 2022, quando em 2021 tinha sido de 0,81. Foi, pelo quinto ano consecutivo, inferior a um, o nível mais baixo desde 1970, quando começou a recolha de dados nesta área.

Por comparação, outros países com índices de natalidade preocupantemente baixos estão bem melhor: a Espanha tem 1,19 nascimentos por mulher, a Itália 1,25 e o Japão, 1,34. Portugal, que arrisca também entrar num inverno demográfico, teve 1,35 em 2022.

Para manter um saldo demográfico estável — e excluindo o fenómeno da imigração —, o índice deve situar-se nos 2,1, ou seja, dois filhos por mulher. Caso não aconteça, os valores por defeito indicam que haverá mais pessoas a morrer do que a nascer no país — o que aconteceu na Coreia do Sul pelo terceiro ano consecutivo.

Se esta tendência não for revertida, a população do estado asiático cairá para menos de metade no final do século. Tal perspetiva levou o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol a soar os alarmes e a propor novas medidas para encorajar os seus cidadãos a ter mais filhos.

De acordo com o Quartz, Yoon anunciou esta terça-feira que o governo sul-coreano vai mais do que duplicar o subsídio mensal concedido aos pais de crianças com menos de um ano: o que antes consistia em 300,000 won (aproximadamente 213 euros) vai passar a 700,000 (aprox. 495 euros) este ano, aumentando para um milhão de won em 2o24, o que consiste em cerca de 709 euros.

A medida é mais uma tentativa urgente de apelar à natalidade na quarta maior economia asiática, tendo o país já gasto mais de 185 mil milhões de euros nos últimos 16 anos neste dossier. No entanto, a taxa de fecundidade tem continuado em queda livre.

É por isso que o chefe de estado da Coreia do Sul também sugeriu mais medidas, como alargar os serviços de puericultura — como creches e berçários — já disponíveis, apoios à habitação para recém-casadas ou cortes nas despesas de saúde para crianças.

No entanto, o problema é sistémico e pode implicar revoluções profundas. As principais causas para a queda da natalidade no país parecem prender-se sobretudo com um mercado de trabalho saturado e altamente exigente — é um dos países com mais horas semanais de trabalho do grupo que compõe a OCDE —, uma crise habitacional e um dos sistemas de educação mais caros do mundo em relação aos rendimentos médios.

A título de exemplo, a NPR entrevistou Yun-Jeong Kim, uma designer de produto de 31 anos, que teve de voltar a morar com os pais quando a renda do seu apartamento em Seoul, a capital, disparou. A mera ideia de um dia ter filhos é, para si, "apenas uma fantasia", tendo em conta o estado de coisas.

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