António Costa falava numa cerimónia de tributo ao antigo Presidente da República, um ano após a sua morte, na capela do Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
O primeiro-ministro, que não esteve nas cerimónias fúnebres de Mário Soares, há um ano, por se encontrar em visita de Estado à Índia, prestou-lhe hoje homenagem no lugar da sua sepultura e recordou-o com "um homem exemplar", que "aliou o idealismo e o realismo" e "construiu a história, e por isso a história guardará o seu nome, a sua obra e o seu exemplo".
"A nossa mais justa homenagem a Mário Soares é continuarmos o seu combate por um Portugal melhor. Cumprimos diariamente esse desígnio honrando as suas lutas. Sempre que lutamos por um Portugal mais desenvolvido e mais justo, homenageamos Mário Soares", afirmou, num discurso de cerca de cinco minutos.
Perante a família de Mário Soares, o Presidente da República e o presidente da Assembleia da República, António Costa acrescentou: "Sempre que promovemos a liberdade e a cultura, homenageamos Mário Soares. Sempre que nos batemos por uma Europa mais solidária, homenageamos Mário Soares".
"Sempre que lutamos por um mundo de paz e de progresso, homenageamos Mário Soares. E o nosso dever é todos os dias homenagearmos Mário Soares. Republicano, laico e socialista, assim se disse e assim se quis. E podemos acrescentar: humanista, universalista, português, europeu e cidadão do mundo", completou.
Quanto à ação política do antigo chefe de Estado, António Costa descreveu-a dizendo que "Mário Soares aliou sempre o idealismo e realismo, convicção e ação, política e cultura, consciência da história e das lições do passado com uma visão criadora e ambiciosa do futuro, pelo qual tinha uma curiosidade irreprimida e incontida".
"Soares foi um homem exemplar. Um exemplo de combate constante por aquilo em que acreditava, um exemplo de coragem de dizer o que pensava e de fazer o que sentia dever. Um exemplo de génio político, que alcançava o que parecia impossível. Um exemplo de amor à vida e de energia criadora", elogiou.
O primeiro-ministro apontou-o também como "um exemplo de político que até ao fim se assumiu integralmente como tal, consciente de que a política, feita com idealismo, coragem e convicção, é uma das mais nobres, se não a mais nobre atividade humana e atividade cívica".
"Foi, em momentos decisivos, o rosto e a voz da nossa liberdade. Desse título raros homens se podem orgulhar", prosseguiu, defendendo: "Temos o dever de às gerações futuras legarmos um grande português de quem tivemos um privilégio único e a honra de poder ser contemporâneos".
Mário Soares morreu a 07 de janeiro de 2017, aos 92 anos, em Lisboa.
Nascido em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Após a revolução do 25 de abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
[Notícia atualizada às 19:03]
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