Estas posições foram assumidas por António Costa numa entrevista promovida pelo Clube de Jornalistas, em parceria com a Agência Lusa e com a Escola Superior de Comunicação Social, no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e dos 40 anos do clube.

Na primeira parte da entrevista, que foi dedicada às consequências da intervenção militar russa na Ucrânia, o líder do executivo defendeu que a prioridade da NATO passa pelo “reforço do flanco leste” da Europa, razão pela qual Portugal enviou já tropas para a Roménia.

“No futuro, é evidente que, depois desta guerra, há uma nova relação de forças que tem de se estabelecer nos sistemas de segurança e de defesa da Europa”, declarou.

Interrogado se pondera um regresso ao modelo do SMO em Portugal, António Costa recusou essa perspetiva e considerou que esse é um caminho em relação ao qual “não tem sentido retroceder”.

“A aposta estratégica que o país fez foi no reforço das suas capacidades militares, através da melhoria do seu equipamento, no reforço da profissionalização das suas Forças Armadas, tendo em conta as missões que temos a desempenhar – missões na enorme área da zona económica exclusiva e em forças nacionais destacadas ao serviço da NATO, União Europeia e Nações Unidas, ou em parcerias bilaterais com Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, especificou.

Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que “há um compromisso com metas calendarizadas com o investimento em defesa até 2024”.

Questionado sobre o facto de o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, ter já considerado que Portugal não é um defensor incondicional da adesão da Ucrânia à União Europeia, António Costa alegou que os processos de adesão “têm um ritmo próprio” e lembrou que o de Portugal à Comunidade Económica Europeia “levou nove anos”.

“Portugal vai pronunciar-se nos termos dos tratados no momento próprio” e “convém não esquecer que há vários países cujos processos de adesão se arrastam há vários anos”, respondeu sobre a questão da adesão da Ucrânia da União Europeia.

Para o primeiro-ministro, é antes “urgente o Conselho Europeu e Comissão Europeia concentrarem-se nas necessidades imediatas da Ucrânia: Negociar já o aprofundamento do acordo de associação e um compromisso inequívoco de apoio ao esforço brutal de reconstrução deste país”.

Nesta entrevista, António Costa considerou que seria fácil a Portugal defender uma posição a favor do embargo total de compra de petróleo e de gás à Rússia, tal como preconiza os Estados Unidos, mas frisou que isso deixaria outros Estados-membros em dificuldade.

Rejeitou também que se aponte o dedo à Alemanha por se encontrar numa posição de dependência energética face à Rússia, referindo nesta questão, a título de exemplo, os obstáculos que têm sido levantados pela França à concretização das interconexões energéticas com a Península Ibérica.