Estas posições foram assumidas por António Costa, na qualidade de ex-líder socialista, na apresentação do livro do secretário-geral da JS, Miguel Costa Matos, intitulado “Portugal e Agora? 30 ideias para mudar o país”, que tem prefácio do líder do PS, Pedro Nuno Santos.
“Não é o facto de haver oito anos de Governo que diminuiu o poder de reinvenção e de inovação. Tenho verificado nos debates eleitorais que há mais novidades apresentadas pelo campo de quem tem governado nestes últimos oito anos do que por parte daqueles que se têm oposto”, declarou, perante uma sala cheia de simpatizantes e militantes do PS, num discurso que se caracterizou por uma perspetiva otimista em relação à juventude e à economia portuguesa.
Já na parte final da sua intervenção, o ainda líder do executivo referiu-se ao mais recente relatório da Comissão Europeia sobre o impacto do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no Produto Interno Bruto (PIB), dizendo que, no caso de Portugal, num cenário mais pessimista, acrescentará dois pontos percentuais em 2026.
“Num cenário mais otimista, o PRR poderá acrescentar 3,5 pontos percentuais de forma estrutural ao nosso PIB. Significa um crescimento estrutural do nosso produto entre 2 e 3,5 pontos percentuais, o que acelerará brutalmente a nossa convergência com a União Europeia. Portanto, não havendo qualquer disrupção na execução do PRR e continuando a executá-lo ao ritmo atual, em 2026, segundo as previsões da Comissão Europeia, teremos só por via do PRR um crescimento entre dois e 3,5%”, assinalou.
A seguir, numa das poucas referências que fez às questões partidárias em debate na pré-campanha para as eleições legislativas antecipadas de 10 de março, António Costa criticou a Iniciativa Liberal (IL) por falar nos jovens, mas propor-se a aumentar impostos para uma parte deles.
“A IL, que tanto fala de impostos e de jovens, acaba com o IRS Jovem, dizendo esta coisa extraordinária: o IRS Jovem deixa de ser necessário porque haverá um IRS de 15% para todos. Não vou discutir a demagogia do IRS a 15% para todos, mas o IRS Jovem, no primeiro ano, é de zero por cento”, assinalou.
Neste contexto, o primeiro-ministro concluiu: “Significa que querem taxar mais quem tem IRS Jovem”.
No seu discurso, António Costa fez uma série de comparações sobre a evolução de Portugal nas qualificações entre 2000 e 2023, advogando que a aposta nessas políticas educativas e de formação foram “o fio condutor” dos governos socialistas desde António Guterres em 1995. E criticou a direita política por “ter falhado na sua estratégia de baixos salários para atrair investimento estrangeiro”.
Ainda sobre a evolução do país em termos de modernização da economia, fez a defesa de que Portugal deve explorar as suas reservas de lítio – um recurso mineral que disse que poderá permitir ao país entrar na produção de baterias de automóveis e de telemóveis.
Na última intervenção da apresentação do livro, Miguel Costa Matos, antigo assessor do primeiro-ministro, António Costa, manifestou-se confiante de que o país “fará justiça aos governos socialistas, que reverteram os cortes e viraram a página da austeridade em Portugal”.
O secretário-geral dos jovens socialistas disse fazer este ano 16 anos de vida política e referiu que o seu livro foi escrito a pensar em outro ciclo político, antes da demissão do atual Governo em 07 de novembro de 2023.
“Este não é um livro técnico. Procuro deixar sementes. As ideias de que aqui apresento são um acrescento à biodiversidade da nossa democracia. A nossa democracia precisa de ideias”, afirmou o líder da JS, recebendo uma prolongada salva de palmas.
Na primeira intervenção da sessão, o dirigente socialista Duarte Cordeiro salientou o desafio que Miguel Costa Matos lança no seu livro aos socialistas para “saírem da sua zona de conforto” e entrarem “na batalha das ideias com campos alternativos da direita”.
“Estamos perante perigoso que podem colocar em causa a democracia, com uma extrema-direita que se aproveita do medo e do desconhecimento e que recorre a mentiras. A democracia, que este ano celebramos 50 anos, não é um dado adquirido. Os direitos não estão garantidos”, advertiu.
Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente e da Ação Climática, referiu também a existência de “uma direita radical que aposta numa lógica individualista”.
“Destacam-se por apresentar soluções com aparentes ganhos imediatos, como os choques fiscais, mas sem discutirem as consequências da rutura que vão provocar nas funções do Estado social”, declarou, num discurso em que também destacou “os progressos” de Portugal em matéria de cumprimento das metas ambientais.
“Em 2023, estabelecemos vários recordes, entre os quais o facto de termos seis dias consecutivos de consumo da eletricidade só com as nossas fontes renováveis e ainda com exportação para Espanha. Temos de deixar memória dos nossos resultados”, sustentou, numa sessão em que estiveram presentes os ministros da Economia, António Costa e Silva, da Agricultura, Maria do Céu Antunes, e da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, além do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes.
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