António Costa falava à entrada para a reunião da Comissão Política Nacional do PS, momentos depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter apresentado publicamente a proposta de Orçamento do Estado para 2017.
"Não posso dizer que [Bloco de Esquerda, PCP e PEV] estejam a 100% de acordo com aquilo que está no Orçamento, mas o grau de divergência que existe não inviabiliza a sua aprovação", declarou o líder socialista e primeiro-ministro.
Perante os jornalistas, o secretário-geral do PS defendeu a "solidez" dos acordos de Governo celebrados em novembro passado com o Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes", dizendo que já permitiram a constituição do executivo, a viabilização do Orçamento deste ano e o Programa de Estabilidade.
A base dos acordos celebrados com os partidos da restante esquerda parlamentar, segundo António Costa, "vão certamente viabilizar o Orçamento do Estado para 2017 e a sua execução no próximo ano, porque têm um horizonte de legislatura".
"Acho que a solidez do acordo de viabilização do Governo não está em causa. Agora, como é evidente, quando se fala entre partidos que têm uma postura séria, naturalmente, cada um quer ver garantidos os seus princípios fundamentais, mas dentro da compreensão mútua em torno das prioridades e constrangimentos", justificou.
De acordo com António Costa, no processo de preparação do Orçamento do próximo ano, "uma vez mais houve um esforço muito sério de todos para que o país possa ter uma boa proposta orçamental para o país e para os portugueses, cumprindo simultaneamente os compromissos com a União Europeia".
Em relação aos constrangimentos orçamentais, o secretário-geral do PS referiu a "impossibilidade de aumentar ilimitadamente a despesa e ao mesmo tempo baixar também ilimitadamente as receitas".
"Temos de fazer de forma equilibrada, o que implica escolhas, que nem sempre são fáceis. Mas, mais uma vez foi possível chegarmos a um acordo, termos uma proposta de Orçamento com apoio maioritário na Assembleia da República e que pode vir a ser melhorada aqui ou ali na especialidade", disse.
Perante a insistência dos jornalistas sobre as matérias em concreto em que subsistem divergências com o Bloco de Esquerda e PCP, António Costa contrapôs que "nas matérias essenciais há acordo".
"Naturalmente, se o Orçamento fosse feito pelo PCP, pelo Bloco de Esquerda ou pelo PEV, certamente era diferente deste. Este é o Orçamento que apresentamos tendo em conta os compromissos que temos com os nossos parceiros - compromissos que correspondem àquilo que é o acordo possível em matéria orçamental", disse.
"O que é essencial é que teremos um Orçamento aprovado a tempo e horas, que permita prosseguir a trajetória de reposição dos rendimentos, criando condições para o investimento e garanta a trajetória de consolidação do investimento público", acrescentou o líder socialista.
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