António Costa e o seu homólogo sueco, Stefan Löfven, reuniram-se hoje na residência oficial do chefe de Governo, em Lisboa, e o novo quadro financeiro para 2021-2027 foi um dos temas em cima da mesa.

No final do encontro, o primeiro-ministro português adiantou que os dois partilharam os seus “pontos de vista, que não são coincidentes ainda, sobre o que deve ser o futuro do quadro financeiro plurianual”.

“Mas fizemos algo que é muito importante, que é cada um ouvir o ponto de vista do outro e, compreendendo o ponto de vista do outro, procurar encontrar uma solução comum”, destacou, defendendo que “só assim” será possível “obter, o mais rapidamente possível, um acordo”.

Na ótica do primeiro-ministro, “é essencial que a União Europeia não atrase a aprovação do próximo quadro financeiro plurianual” porque “é um sinal de confiança para os europeus e é fundamental para não perturbar e criar novas incertezas sobre a dinâmica do crescimento económico, da criação de emprego na Europa” e da capacidade “de liderar a transição digital e o combate às alterações climáticas”.

“Um dia, espero que o mais cedo possível, chegaremos a um acordo, e para chegarmos a esse acordo há um caminho a fazer e esse caminho pressupõe começar por compreender bem qual é o ponto de vista dos outros e ver como é que, tendo em conta o ponto de vista dos outros, os interesses nacionais dos outros, podemos conseguir encaixar o nosso próximo interesse nacional”, prosseguiu.

Após este diálogo, Portugal e Suécia estão agora “em melhores condições para trabalhar em conjunto” e chegarem “ao próximo Conselho mais próximos” do que saíram do último Conselho Europeu, assinalou.

“É da forma como todos conseguirmos encontrar-nos no interesse comum da Europa [e na] defesa do interesse específico de cada um que nós conseguiremos um bom acordo”, frisou o primeiro-ministro.

António Costa justificou igualmente com a necessidade de diálogo o encontro que terá na próxima semana com a chanceler alemã, Angela Merkel, marcado para quarta-feira, em Berlim.

Aos jornalistas, o primeiro-ministro sueco salientou que “para a Suécia é importante ter um orçamento moderno e adequado e o processo precisa de ser levado para a frente”.

Também Stefan Löfven defendeu o diálogo entre os líderes europeus e uma clarificação de posições para que os países possam chegar a um acordo quanto ao orçamento comunitário.

António Costa deu voz no Conselho Europeu de 20 e 21 de fevereiro à rejeição unânime da proposta de orçamento plurianual da UE para 2021-2027 pelo grupo dos “Amigos da Coesão”, que realizou uma cimeira no dia 1 de fevereiro na cidade portuguesa de Beja, e foi entretanto ‘rebatizado’ de “Amigos de uma Europa ambiciosa”.

Os “Amigos de uma Europa ambiciosa” rejeitaram o documento negocial colocado em cima da mesa, e que contemplava um montante global para os próximos sete anos equivalente a 1,069% do Rendimento Nacional Bruto da UE, ainda menos ambicioso que a proposta apresentada em dezembro passado pela presidência finlandesa (1,07%), liminarmente rejeitada.

De um lado, encontram-se os contribuintes líquidos, designadamente um ‘quarteto’ formado por Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia – classificados de “forretas” por António Costa durante um debate na passada terça-feira na Assembleia da República –, que consideram excessivo um orçamento global que supere os 1% do Rendimento Nacional Bruto (RNB), e querem que sejam privilegiadas “políticas modernas”, em detrimento da coesão e agricultura.

Do outro lado estão os Bulgária, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Grécia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia, Portugal, República Checa, Roménia e também Itália, que continuam a opor-se firmemente a um orçamento pouco ambicioso e que sacrifique a coesão e a Política Agrícola Comum.

Questionados sobre se o futuro do presidente do Eurogrupo, e ministro das Finanças português, Mário Centeno, António Costa disse apenas que esse não foi um assunto sobre o qual os líderes de governo se tenham debruçado hoje.

O jornal ‘online’ Observador noticia hoje que a saída do ministro do Governo “está garantida”, e que Centeno será substituído “no início do Verão, entre junho e julho”.