“Neste caso percebe-se bem o significado da palavra eleitoralismo: significa que é uma medida boa e contra a qual se esteve em devido tempo”, afirmou, na sua intervenção na cerimónia na Câmara Municipal de Setúbal destinada a assinalar a entrada em vigor hoje do passe único na Área Metropolitana de Lisboa.

O primeiro-ministro lamentou que os que apontam que a medida entre em vigor a poucos meses de eleições, “tenham estado distraídos” quando a mesma ‘nasceu’ numa cimeira em março do ano passado entre as Áreas Metropolitanas e o Governo e tenham votado contra ela no anterior Orçamento do Estado.

“Mas, a melhor forma de compreender como muitas vezes infelizmente a política nacional se perde em imenso artificialismo e muita mentira é a forma como a política ao nível local e os autarcas de todos os partidos compreenderam bem esta medida, participam nesta medida e são coautores da mesma”, destacou.

António Costa enquadrou a redução do preço dos passes na política de devolução de rendimentos iniciada no arranque da legislatura com a eliminação de cortes nos salários e pensões e, ao longo dos últimos quatro anos, com medidas como a gratuitidade dos manuais escolares ou a fixação de um teto máximo para as propinas.

“Quem esperou quatro anos para recuperar cem euros no salário mínimo, agora em apenas um mês vai ter idêntico ganho de rendimento. Será uma diferença brutal na vida das famílias”, defendeu, salientando que esta será mais sentida pelos que mais precisam.

Pegando num exemplo dado antes pela presidente da Câmara de Setúbal, Costa referiu que um casal deste concelho pode poupar mais de 200 euros mensais, que poderá investir noutras áreas.

“Um conjunto de famílias que hoje não tinham oportunidade de colocar os filhos no ensino superior, ganhou essa oportunidade”, destacou, contabilizando que a poupança anual nos passes será suficiente para vários anos de propinas.

O primeiro-ministro apontou ainda que, além de facilitar as deslocações de casa para o trabalho de milhares de pessoas, a medida de redução tarifária poderá também ser usada nas famílias para diversificar os seus tempos de lazer.

“Podem vir a Setúbal comer um belíssimo choco frito, ir a Vila Franca de Xira comer umas magníficas enguias, podem ir provar queijadas a Sintra, ir comer ouriços do mar a Mafra, podem ir comer um gelado em Cascais”, exemplificou.

A nível cultural, continuou, com o novo passe único – que custará no máximo 40 euros – será possível “ir ver uma peça de teatro em Almada, ver uma exposição em Lisboa ou visitar o parque nacional da Arrábida”.

“Este é um momento para mim de grande felicidade, a maior frustração que tenho na minha vida política é nunca ter sido secretário de Estado dos Transportes”, confessou, provocando risos na assistência da cerimónia que contou com vários autarcas da Área Metropolitana presentes e de diversos partidos.

Por outro lado, o primeiro-ministro destacou que grande parte da renovação das frotas de transportes “não está a ser feita com viaturas importadas, mas produzidas em território nacional”.

“Estamos a dar também um impulso muito forte ao desenvolvimento da nossa economia”, defendeu.

O primeiro-ministro insistiu que a redução tarifária se vai aplicar “em todo o país” de forma diferenciada, “como os autarcas decidiram aplicar” a medida.

“Cabe ao Governo criar condições a nível nacional para que todos a possam adotar e dar a liberdade a quem está próximo de desenhar em concreto qual a medida mais ajustada. A descentralização é a melhor forma de executar bem as boas políticas públicas”, defendeu.

António Costa viajou hoje entre a Ericeira e Setúbal de transportes públicos, percurso que iniciou com o presidente da Câmara de Mafra, o social-democrata Hélder Silva, a que se foram juntando pelo caminho outros autarcas, como a socialista Inês Medeiros (Almada) e os comunistas Bernardino Soares (Loures) e Maria das Dores Meira (Setúbal).

“Todos compreenderam em uníssono que, para a sua população, esta é uma medida que faz a diferença na vida das famílias”, realçou.

A partir de hoje o novo passe Navegante Metropolitano custa no máximo 40 euros mensais por utente e permite viajar em todos os operadores de transportes públicos na Área Metropolitana de Lisboa (AML), medida integrada no Programa de Apoio à Redução do Tarifário dos Transportes Públicos (PART).