“Juntos a Liberalizar” é o título da Moção de Estratégia Global que tem como primeiro subscritor o deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, que a vai apresentar à III Convenção Nacional do partido, marcada para domingo, em Pombal.
No documento, a que a Lusa teve acesso, no capítulo sobre os desafios eleitorais, Cotrim Figueiredo defende, no caso das presidenciais, previstas para janeiro de 2021, que “a Iniciativa Liberal deverá apoiar um candidato que seja reconhecido pelas suas tendências liberais, assim como por um temperamento mais recatado, e por uma atitude mais incisiva quando necessária”, não devendo a escolha recair no deputado nem no líder do partido.
A moção começa por reconhecer que a eleição do primeiro deputado da Iniciativa Liberal a 6 de outubro é uma oportunidade que “encerra grandes desafios e abre um novo ciclo de vida” para o partido.
“A Iniciativa liberal vai ter de se tornar mais adulta sem perder a juventude e irreverência que continuarão a ser a essência da sua identidade”, admite.
Na perspetiva do futuro líder do partido – que irá suceder a Carlos Guimarães Pinto, que em 30 de outubro anunciou que abandonaria a liderança, considerando que a sua missão estava cumprida – a Iniciativa Liberal tem de aspirar ser “um partido de implantação nacional” e “transversal na sociedade portuguesa”, para além de dever ter como objetivo ser um “projeto político eleitoralmente eficaz”.
No capítulo dos grandes objetivos eleitorais, João Cotrim Figueiredo foca-se principalmente nas três eleições que acontecerão durante o mandato da Comissão Executiva que sairá da Convenção Nacional de domingo, apesar de fazer uma referência às próximas legislativas.
Em relação às regionais dos Açores, que acontecem já em outubro de 2020, a moção propõe que o partido concorra em listas próprias, não procurando ou aceitando coligações com outras forças partidárias”.
Para as autárquicas de 2021, os liberais, “preferencialmente, concorrem em listas próprias”, mas deixam a porta aberta a “avaliar outras candidaturas ou recandidaturas, sobretudo independentes, cujos candidatos e programas demonstrem afinidade com os valores liberais e comprovada competência”.
O candidato único à liderança única do partido vai propor ainda abrir uma “revisão estatutária de forma a adaptar o funcionamento do partido, quer pela nova realidade alcançada, quer por aprendizagem do caminho trilhado até agora”, pretendendo ainda rever o programa político da Iniciativa Liberal.
No capítulo das causas, o primeiro subscritor da moção compromete-se ao desenvolvimento de uma oferta política “distinta da atividade parlamentar, diferente da ‘espuma dos dias’ mediática e que prepare o partido para o próximo ciclo eleitoral”.
“Deve ser encontrado um equilíbrio entre temas ideológicos, com nichos estimados pelos liberais, com temas de grande abrangência que importem à vida das pessoas”, apontam.
Para os temas sociais, é defendido “evitar assumir posições inconsequentes” e pede-se coerência, deixando claro que “em caso de dúvida, a Iniciativa Liberal deve estar sempre do lado da capacidade de decisão do cidadão, desde que essa liberdade não ponha em causa a liberdade de terceiros e o bem-estar social”.
“A liberdade económica é impiedosamente atacada pela esquerda partidária, e é muito mal servida pelos partidos de direita”, critica.
No mesmo texto é ainda elencado um conjunto de causas diferentes que podem ser assumidas pela Iniciativa Liberal, como “retirar o socialismo da CRP [Constituição da República Portuguesa”, a descentralização, a rejeição de paternalismos do Estado, a liberdade na Internet, a reforma do sistema eleitoral, o combate à corrupção e a “visibilidade dos custos do Estado”.
Comentários