Estes dados resultam de um trabalho do barómetro Covid-19 da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), que acompanha as intervenções que as autoridades têm tido no sentido de travar a disseminação da epidemia, que utilizou “os dados de georreferenciação divulgados pela Google”, disse hoje à agência Lusa o investigador Alexandre Abrantes.

O investigador da ENSP adiantou que as autoridades intervieram relativamente cedo para aumentar o distanciamento social quando ainda não havia nenhuma morte, “mas era interessante saber se as pessoas estão realmente a cumprir essa medida”.

“O que aconteceu foi uma coisa inédita, a Google disponibilizou os dados de georreferenciação que dizem onde as pessoas estão às várias horas do dia” e “esses dados, que nunca foram colhidos para fins de saúde, acabam por se mostrar extremamente úteis” para os investigadores perceberem se as pessoas aderiram ou não às orientações das autoridades.

Neste caso, salientou, as “notícias são muito boas”: “83% das pessoas deixaram de ir ao restaurante e a lugares de lazer, 80% deixaram de ir a parques e a locais para fazer grandes caminhadas e até os transportes públicos reduziram 78%”.

Há também uma grande descida na saída para comprar bens essenciais (-59%), nomeadamente na farmácia e no supermercado, e em relação ao emprego 53% das pessoas não estão a trabalhar nos locais de trabalho.

Segundo Alexandre Abrantes, estes dados demonstram que “os portugueses entenderam os motivos porque lhes pediram distanciamento social e confinamento e estão a fazer bem”.

“Oitenta por cento de contenção [por parte dos portugueses] é uma coisa extraordinária porque não estão a transmitir a doença na comunidade”, sublinhou.

O estudo "Mobilidade em Portugal em tempos de pandemia por Covid-19" descreve a variação da mobilidade dos portugueses por distrito e tipologia de local com base nos dados que a Google disponibilizou no início de abril, indicando variações na mobilidade dos portugueses entre o início janeiro e 29 de março de 2020.

De acordo com o trabalho, a redução da mobilidade/permanência para zonas de “comércio, restauração e lazer” foi relativamente uniforme entre distritos, variando entre 81% e 89%, enquanto na categoria “Residência” teve um aumento em todos os distritos e variou entre 18% e 33%, sendo mais expressivo em alguns distritos do interior.

“A redução nos locais 'bens essenciais e farmácias' foi um pouco inferior, como seria expectável, sendo estes bens considerados essenciais”, sendo que “a variação parece ter sido menor nos distritos do Porto, Lisboa e no Sul do país”, sublinha.

A redução na mobilização e permanência em “Parques” e “Trabalho” parece ter sido maior no Litoral e no Norte, refere o estudo.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera e 13.141 casos de infeções confirmadas, mais 699 em relação a terça-feira.

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