Uma das medidas que passará a ser implementada no Centro Hospitalar Universitário de São João é a "Suspensão de toda a atividade clínica não urgente, nomeadamente consultas externas, intervenções cirúrgicas, sessões de hospital de dia e meios complementares de diagnóstico e terapêutica, até ao dia 31 de março“.
Segundo a instituição, numa nota enviada às redações, "apenas deve ser realizada atividade programada em casos clinicamente relevantes, cuja suspensão coloque em risco de vida o utente ou existir risco de prejuízo grave por ausência de intervenção”.
Sempre que for clinicamente adequado devem ser privilegiadas as consultas não presenciais, adiantou.
Outra das medidas passa pela "limitação de toda a atividade presencial dos serviços de suporte, devendo ser utilizados meios alternativos (telefone, email, correio interno), nomeadamente para o Serviço de Gestão de Recursos Humanos, Serviços Financeiros, Serviço de Sistemas e Tecnologias e Sistemas de Informação e Comunicação, RAI, Serviço de Aprovisionamento, Serviço de Instalações e Equipamentos, entre outros considerados adequados".
O Hospital de São João vai ainda direcionar o acesso dos utentes pelo Atrium da Hospitalidade (entrada norte), onde as pessoas serão sujeitas "a preenchimento de inquérito epidemiológico e medição de temperatura corporal".
Também os profissionais do hospital "devem avaliar a temperatura corporal no inicio e no fim de cada turno e reportar ao Serviço de Saúde Ocupacional em caso de hipertermia ou sintomas respiratórios", sendo que "fica suspensa a realização de registo biométrico através dos terminais disponíveis pelos profissionais do CHUSJ, sendo disponibilizada na intranet informações sobre como proceder para registar a assiduidade".
O hospital vai ainda proceder à "abertura da rede Wi-Fi a utentes e acompanhantes, em toda as áreas do CHUSJ (SaoJoaoWiFi), para permitir um contacto mais fácil entre os utentes internados e os seus familiares e amigos, bem como entre os profissionais do hospital" e vai garantir "apoio psicológico" a "doentes internados, bem como aos seus familiares e aos profissionais de saúde", prestado "através de uma equipa multidisciplinar", com "o objetivo de os tranquilizar relativamente a receios face à situação epidemiológica que enfrentamos, bem como ao contexto do isolamento social".
Este novo conjunto de medidas de prevenção tem como objetivo garantir a segurança dos utentes, acompanhantes e profissionais de saúde.
O CHUSJ é um dos centros hospitalares do país referenciado para receber casos suspeitos com coronavírus, sendo que no Hospital de São João está a ser instalado um hospital de campanha que serve em exclusivo para responder ao surto Covid-19.
A 02 de março, a Direção-Geral de Saúde (DGS) indicou que o segundo caso de infeção com o novo coronavírus confirmado em Portugal, um homem de 33 anos, foi internado no Centro Hospitalar de São João, no Porto.
O primeiro caso confirmado no país foi o de um homem de 60 anos que está internado no Hospital de Santo António, também no Porto, e que reportou os primeiros sintomas no dia 29 de fevereiro, depois de ter estado no norte da Itália.
A 04 de março, o quinto infetado do país, um homem de 44 anos regressado de Itália, estava internado no Centro Hospitalar de São João. No dia seguinte, estavam internados no São João mais dois casos, o sétimo e o oitavo confirmados em Portugal.
Segundo a DGS, um dos homens, de 50 anos, tinha vindo de Itália e o outro, de 49 anos, tinha ligação a um caso já confirmado.
No passado sábado, quando estavam já internados naquele hospital 16 pacientes infetados com o novo coronavírus, o Presidente da República revelou, após uma visita ao local, que aqueles estavam com o “moral positivo”, sublinhando uma “evolução positiva”.
Na quinta-feira, mais de uma dezena de contentores estavam a ser instalados junto ao hospital de campanha que o Centro Hospitalar Universitário de São João montou para dar resposta ao Covid-19, doença classificada já como pandemia.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje, Portugal registava 78 casos positivos. Até ao momento foram registados 637 casos suspeitos, 133 aguardam relatório laboratorial e há 4923 contactos em vigilância das autoridades de saúde.
Relativamente a casos importados, há 5 de Espanha, 10 de Itália, 3 da Suíça e 1 da Alemanha/Áustria. Existem atualmente seis cadeias de transmissão ativas.
O anterior balanço registava, na quarta-feira, 59 casos de infeção pelo novo coronavírus.
A região Norte continua a ser a que regista o maior número de casos confirmados (44), seguida da Grande Lisboa (23) e das regiões Centro e do Algarve, ambas com cinco casos confirmados da doença.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quarta-feira a doença Covid-19 como pandemia. A OMS justificou a declaração com os "níveis alarmantes de propagação e de inação".
A pandemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.500 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassou as 124 mil pessoas, com casos registados em mais de 100 países e territórios, incluindo Portugal.
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
O Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou na quarta-feira que só devem ser encerradas escolas públicas ou privadas por determinação das autoridades de saúde.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou que esta recomendação "faz sentido" e que o encerramento de escolas será feito de forma casuística "analisando o risco, caso a caso, situação a situação".
Várias universidades e outras escolas já decidiram, no entanto, suspender as atividades letivas.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.
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