A ministra da Saúde defendeu hoje que a curva de mortalidade por covid-19 revela uma “diminuição consistente” desde 15 de abril e que o risco de um infetado contaminar outras pessoas indica que continua a ser necessária proteção diária.

“A curva de mortalidade por covid-19 mostra uma diminuição consistente desde o dia 15 de abril, o que é bastante relevante”, afirmou Marta Temido, que falava aos jornalistas, em Lisboa.

Marta Temido disse também que 73 dos 138 novos casos são em Lisboa e Vale do Tejo.

Ao longo dos próximos dias continuarão a ser preparados os termos técnicos para o regresso das visitas aos lares, as creches  e o futebol, explicou a ministra.

"Neste momento, as autoridades de saúde, a DGS e outros setores que articulam com estas áreas, estão a concluir, esperemos que até ao final da semana, temas como o regresso a estruturas residenciais para idosos e unidades de cuidados de saúde continuados e integrados […], creches, transportes públicos e futebol”, afirmou Marta Temido.

Sem avançar com mais detalhes, a governante disse que os termos técnicos desta preparação vão ser “oportunamente transmitidos”.

O foco agora passa pela deteção e isolamento dos casos, procurando agir na proporcionalidade "estritamente necessária", explicou Marta Temido.

DGS definirá regras para a Festa do Avante

Questionada sobre a Festa do Avante, do PCP, Marta Temido remeteu para a resposta de António Costa ao Porto Canal, que foi "auto-explicativa", mas lembrou a necessidade de dar passos seguros para manter o rumo.

“As regras serão definidas pela DGS e serão oportunamente consideradas e partilhadas com os organizadores”, declarou a governante, falando na habitual conferência de imprensa diária relativa à evolução da pandemia no país.

Observando que hoje ainda é dia 9 maio e que este “é um evento que acontece em setembro”, Marta Temido notou que “a situação epidemiológica ainda é uma incerteza”.

“Todos queremos que as coisas corram de um determinado sentido, mas temos de dar passos pequenos e seguros para não sermos traídos”, sustentou a ministra da Saúde.

Já sobre os preços de máscaras e outros artigos de proteção, a ministra diz que as autoridades estão a monitorizar os equipamentos, para que se mantenham "preços comportáveis".

Quanto às praias, Marta Temido disse que ainda estão a ser vistas a regras na área da saúde. Mas a resposta caberá a mais intervenientes — autarquias, capitanias, etc. —, sendo prematuro avançar com mais  detalhes, considera a ministra.

Apesar dos objetivos de duplicar as camas ventiladas, previsto no início de março, Marta Temido confirma que o número ainda não foi atingido. Segundo a ministra, as entregas  estão a demorar mais tempo do que o antecipado.

Ainda assim, "nunca chegámos a utilizar o total da nossa capacidade na resposta à covid-19”, declarou a responsável.

“E estamos a utilizar este momento de necessidade de melhorar a resposta do país para um eventual recrudescimento do surto e também para acomodar, em simultâneo, a retoma da atividade do Serviço Nacional de Saúde [SNS], de forma a nos aproximarmos daquilo que é a meta, que é ficarmos na média europeia de 11,5 camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes”, acrescentou a governante.

Reagindo à notícia do semanário Expresso, que dá conta que o SNS não aguentaria um pico do novo coronavírus superior ao que foi registado no país em abril passado, Marta Temido destacou os esforços feitos pelo país para “aquisição de equipamentos e de alocação de recursos humanos” aos serviços de cuidados intensivos, mencionando um “aumento de 35% em cerca de 60 dias” das camas ali disponíveis.

“Passámos de cerca de 528 camas de adultos […], para 713”, precisou a responsável, assegurando que o executivo vai continuar “a alargar” a capacidade do país no que toca aos cuidados intensivos.

Porém admitiu que “não está tudo feito” nestes serviços, nomeadamente em termos de equipamentos, o que atribuiu aos “constrangimentos vários” na aquisição de material, que estão a atrasar as entregas, nomeadamente de ventiladores.

Portugal regista 1.126 mortes relacionadas com a covid-19, mais 12 do que na sexta-feira, e 27.406 infetados (mais 138), segundo o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção Geral da Saúde.

Em comparação com os dados de sexta-feira, em que se registavam 1.114 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,1%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (27.406), os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 138 casos do que na sexta-feira (27.268), representando uma subida de 0,5%.

A região Norte é a que regista o maior número de mortos (645), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (238), do Centro (215), do Algarve (13), dos Açores (14) e do Alentejo que regista um caso, adianta o relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de sexta-feira, mantendo-se a Região Autónoma da Madeira sem registo de óbitos.

Na rede nacional de cuidados continuados e integrados, nas mais de 300 unidades, só 23 têm situações de covid-19. Não havendo nenhum utente internado em ambiente hospitalar, referiu a ministra.

São um total de 0,8% de doentes positivos — 62 —, tendo-se registado, até 22 de abril, 15 óbitos, não se registando nenhuma morte nesta rede desde então.

Quanto às estruturas residenciais para idosos, os números reportados às autoridades de saúde apontam para "situações relativamente controladas", disse Marta Temido. Graça Freitas complementou, lembrando que os lares estão sujeitos a surtos, mas, em Portugal, as percentagens de óbitos em lares está abaixo da média europeia.

Assim, morreram em lares 450 pessoas, até à meia-noite. "É uma percentagem ainda elevada, mas abaixo do reportado noutros países, afirmou a diretora-geral da Saúde.

Resultado do desconfinamento é "encorajador"

Num balanço preliminar às primeiras consequências do desconfinamento, "os números são encorajadores", concordaram as duas responsáveis. Todavia, "desconfinar não é relaxar", lembrou Graça Freitas.

“Estamos quase a chegar ao final da primeira semana de desconfinamento e, de forma geral, penso que aquilo que é a perceção de todos nós e a informação que resulta dos relatórios que vamos produzindo é encorajadora”, disse a ministra da  Saúde.

Marta Temido fez tal consideração tendo em conta “a evolução da informação disponível”, numa altura em que o Governo acompanha de perto o cumprimento das medidas em vigor, nomeadamente através de “unidades de epidemiologia e de bioestatística”.

“Temos de continuar atentos, mas temos também de combinar a atenção, a preservação das medidas que aprendemos, com a confiança na nossa necessidade de retomar a normalidade possível, da nossa vida, com regras distintas das que todos desejaríamos, mas necessárias para retomar a nossa atividade laboral, escolar e económica”, apontou Marta Temido.

Numa alusão ao Dia da Europa, que hoje se assinala, a ministra da Saúde quis transmitir uma “mensagem particularmente sensível”.

“A Europa não é só economia nem é só Estado social, mas também é, […] e a saúde individual e coletiva depende em grande medida da nossa capacidade de garantir melhores equilíbrio entre um conjunto de dimensões, sem as quais não conseguimos continuar a nossa existência coletiva e individual”, adiantou Marta Temido.

Já a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, ressalvou porém que é preciso “esperar mais uns dias” para avaliar o real impacto do desconfinamento.

“Já percebemos todos que o país não é simétrico […] e, sobretudo, o que se verifica são focos”, destacou Graça Freitas.

Ainda assim, a responsável comentou que, “até agora, os números são encorajadores”.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.

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