Único caso semelhante a doença de Kawasaki em Portugal já teve alta

Este artigo tem mais de 3 anos
O único caso de síndrome inflamatória associado à covid-19 em Portugal foi uma criança que já recuperou, afirmou hoje a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas. Já o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, indicou que já foram feitos mais de 600 mil testes no país e que no dia 13 de maio se bateu o recorde: 17.500.

Portugal regista hoje 1.190 mortes relacionadas com a covid-19, mais seis do que na quinta-feira, e 28.583 infetados, mais 264, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS.

Após fazer a leitura dos números atualizados, António Lacerda Sales deu conta de alguns dados:

  • Portugal já realizou mais de 600 mil testes;
  • Dia 13 de maio foram feitos 17.500 testes. Trata-se do dia em que foram realizados mais testes desde o início da pandemia;
  • A rede de testagem é composta por 38 laboratórios do Sistema Nacional de Saúde, 22 privados e 4 referentes a outros laboratórios que engloba, por exemplo, o laboratório Militar;
  • Desde 4 de maio, dia em que arrancou o desconfinamento assistimos a redução de mais 17% de doentes em internamento hospitalar e de 16% em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Os casos recuperados também tiveram um aumento de 90%;
  • A taxa de letalidade global é de 4,2%; acima dos 70 anos é de 15,4%;
  • Dos casos confirmados ativos, 81,8% estão em tratamento domiciliário; 2,4% em internamento (0,4 em cuidados intensivos);
  • Partiu hoje para São Tomé e Príncipe uma equipa do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) para prestar apoio ao Ministério de Saúde daquele país na resposta à pandemia. O envio desta equipa composta por 4 especialistas com competências diversas é feito sobre a égide da Organização Mundial da Saúde.

"Isto não significa que vamos relaxar os cuidados e medidas de distanciamento e higiene. Mas dá-nos seguramente confiança para seguir este percurso para o qual todos fomos convocados", reiterou o secretário de Estado da Saúde.

A diretora-geral da Saúde deu conta depois que 86,6% dos óbitos registados — até ao momento — são de pessoas com mais de 70 anos. A pessoa mais nova estava no grupo etário dos 20 e 29 anos de idade. E a grande maioria dos óbitos tem registado no seu certificado de óbito de doenças muitas vezes graves (neurológicas, cardiovasculares, oncológicas) associadas. No entanto, situações muito pontuais, o médico "não mencionou nenhuma cormobilidade".

Relativamente ao RT — que mede a probabilidade de um indivíduo infetado contagiar outro —, indicou que "nós hoje temos um novo boletim que contém dados enviados pelo Instituto Ricardo Jorge e analisam os últimos cinco dias" e o valor em Portugal situa-se nos 0.97, "com muito pequenas variações regionais". E adiantou que a região centro, apesar de ter poucos casos novos, teve uma viração do RT para 1.3. "Mas as diferenças são muito pouco significativas entre regiões", frisou Graça Freitas.

Questionado sobre desconfinamento, o secretário de Estado considera não ser prudente nem a altura para fazer ainda balanços porque "estamos numa monitorização permanente" deste surto e estamos a acompanhar o impacto forte destas medidas.

Síndrome de Kawasaki

Questionada pelos jornalistas sobre a síndrome inflamatória que "está a ser descrita como sendo parecida com a síndrome de Kawasaki em crianças", Graça Freitas explicou que Portugal teve um caso "do qual temos falado".

"Esse caso já apareceu nas estatísticas internacionais do ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças) que foram hoje divulgadas. Portugal reportou internacionalmente esse caso. Felizmente é de uma criança que evoluiu bem e tanto quanto sabemos já teve alta", revelou a diretora-geral da Saúde.

A responsável afirmou que Portugal está pronto e preparado para tratar e diagnosticar este tipo de casos.

Uma criança de nove anos morreu hoje em França após registar sintomas semelhantes aos da doença de Kawasaki, descritos em jovens que tiveram contacto com o coronavírus, a primeira morte deste tipo no país, anunciou hoje o seu médico.

Segundo o médico, a criança, que vivia em Marselha, ficou "gravemente doente devido a uma paragem cardíaca" em casa, antes de ser transportada para o seu serviço especializado. Foi tratada "durante sete dias" e morreu no sábado, adiantou.

Nas últimas três semanas, vários países assinalaram casos de crianças com uma doença inflamatória com sintomas semelhantes aos da rara doença de Kawasaki, provavelmente relacionados com a covid-19.

Foram registadas outras mortes após o desenvolvimento de tais sintomas: um adolescente de 14 anos, positivo para a covid-19 e sem patologia subjacente no Reino Unido, e uma criança de cinco anos em Nova Iorque.

Os sintomas são febre alta, dores abdominais e problemas digestivos, erupção cutânea, conjuntivite e língua avermelhada, que incha e que fica com o aspeto de framboesa.

Número de infeções em profissionais de saúde 

O secretário de Estado da Saúde garantiu hoje que todos os profissionais de saúde que contactaram com pessoas com covid-19 foram testados e tiveram acesso a equipamentos de proteção individual.

Questionado sobre um estudo da fundação Champalimaud e da Ordem os Enfermeiros segundo o qual o número de enfermeiros expostos ao novo coronavírus é até 10 vezes superior ao número de infeções confirmadas, António Lacerda Sales, escusou-se a comentar a própria investigação, mas afirmou que "todos os profissionais de saúde estiveram protegidos, quer do ponto de vista de equipamentos de proteção individuais quer do ponto de vista da testagem enquanto contactos com doentes”.

António Lacerda Sales acrescentou que "sempre que um doente covid-19, em qualquer instituição, testou positivo, todos os contactos profissionais próximos, quer sintomáticos quer assintomáticos, foram testados e monitorizados exaustivamente pelas equipas de saúde ocupacional das respetivas instituições".

Segundo os resultados de testes feitos a profissionais divulgados na quinta-feira, o número de enfermeiros e assistentes operacionais dos hospitais de Santo António e Santa Maria infetados com covid-19 pode ser dez vezes superior ao que se julgava.

A estimativa partiu dos resultados de testes serológicos feitos nos dois hospitais, em Lisboa e no Porto, da responsabilidade da Fundação Champalimaud, em associação com a Ordem dos Enfermeiros.

Os números divulgados mostram que das pessoas testadas no Hospital de Santo António, no Porto, há 10 vezes mais infetados do que o número identificado anteriormente, e que no Hospital de Santa Maria o número de infetados é 11 vezes superior.

O rastreio serológico foi feito a 657 profissionais, 206 enfermeiros e 141 assistentes no Hospital de Santo António, e 184 enfermeiros e 126 assistentes no Hospital de Santa Maria.

Os resultados divulgados pela Fundação Champalimaud e pela Ordem dos Enfermeiros mostram que no Porto 8,4% dos profissionais foram infetados, mas na maioria ficaram assintomáticos e sem nunca antes terem sido identificados com a covid-19. Em Lisboa a percentagem foi de 6,5%.

DGS sem informação sobre casos no FC Porto

Relativamente à questão colocada pelos jornalistas sobre a existência de casos positivos no FC Porto, a diretora-geral frisou que não podia comentar.

"Não posso comentar porque não nos é reportado. Eu não sei. Não nos é reportado a que clube, a que instituição ou fábrica as pessoas pertencem a não ser num âmbito de um surto. Não posso comentar porque não tenho esse report", disse.

Graça Freitas salientou que os testes foram pedidos pelo clube e os resultados serão entregues à entidade requisitante, isto é, os médicos do FC Porto.

"O circuito normal é o clube pede [os testes] através dos seus médicos, que recebem o resultado e transmitem às pessoas que foram testadas. Esse é procedimento normal quando se pede testes", explicou a responsável.

A hidroxicloriquina 

Já sobre o medicamento hidroxicloriquina, a diretora-geral da Saúde deu conta que a sua utilização (ou não) é da responsabilidade do médico durante o tratamento ao doente.

Contudo, salientou que "através do Infarmed sabemos que, até à data, não foram reportadas em Portugal reações adversas no âmbito do seu sistema de farmacovigilância", disse.

"As instituições nacionais e internacionais, obviamente, continuam a acompanhar a evolução da utilização deste medicamento em todo o mundo e vão ajustando as suas recomendações de acordo com essa evolução", concluiu.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.

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