- A ministra da Saúde, Marta Temido, lembrou na conferência de imprensa de hoje que "estamos a atravessar a segunda onda de crescimento da pandemia", sendo que o mesmo se verifica por toda a Europa;
- Relativamente ao SNS, a ministra frisou que tem sido feito um "esforço de reforço", através de equipamentos, infraestruturas e recursos humanos. Marta Temido recordou o reforço de meios humanos e equipamentos feito no decurso da pandemia, referindo que os ventiladores passaram de 1.142 para 1.939 e que as camas em Unidades de Cuidados Intensivos passaram de 423 para 704, com uma capacidade de extensão que ultrapassa as 900;
- De acordo com Marta Temido, o Rt (risco de transmissão) "parece estar a baixar muito ligeiramente", estando agora em 1.11. Todavia, o valor do risco de transmissão efetivo "deve ser lido com muita prudência", porque a variação é “muito pequena” e muito recente;
“Mesmo que o risco de transmissão da doença se suavize, como parece estar a evidenciar-se, vai demorar tempo, semanas, a sentirmos uma diminuição da procura dos hospitais e ainda mais semanas até se sentir uma diminuição da letalidade”, disse;
A região Norte continua a apresentar a maior pressão nos serviços de saúde, com cerca de 61% dos novos casos confirmados nas últimas 24 horas (4.061 pessoas), de acordo com os dados apresentados por Marta Temido. A taxa de incidência a sete dias é agora de 361,1 novos casos por 100.000 habitantes, no país, sendo que a 14 dias a taxa é de 655,2 novos casos;
- “Todo o nosso esforço vai no sentido de evitar que mais famílias percam os seus entes queridos”, afirmou a ministra, mostrando-se preocupada com a pressão sobre o sistema de saúde;
- A ministra recordou ainda as novas medidas para travar a pandemia, no contexto do estado de emergência, dizendo compreender as consequências para a atividade económica. Marta Temido reiterou que seria “irresponsável” abrandar o esforço de contenção do vírus e disse compreender “a angústia” de quem vai ter de “abrandar a atividade económica”, pelo que reiterou o apelo aos cidadãos para cumprirem escrupulosamente as medidas estabelecidas pelo Governo, nomeadamente “o dever cívico de recolhimento”;
- Contudo, Marta Temido acentuou que é necessário cumprir as medidas de forma a travar as infeções e a evitar pressão no SNS. “Acima de todo este esforço estão profissionais de saúde aos quais devemos a nossa admiração, o nosso respeito e sobretudo o nosso dever de cumprimento das regras básicas para prevenir que entrem em sobre-esforço na resposta que procuram dar todos os dias”, declarou a ministra;
- Questionada pelos jornalistas, a ministra explicou que em abril "não havia histórico de tratamento" para saber o valor de custo de um doente covid-19 para o SNS;
- Neste momento, feita a revisão do preço, Marta Temido referiu que a convenção consiste num preço para internamento de covid-19 em hospital não SNS — que passou dos 1.962 para os 2.495 euros — e num preço fixo para internamento em cuidados intensivos — com ventilação inferior a 96 horas o valor é de 6.036 euros, quando superior o valor atinge os 8.431 euros. Quanto ao SNS, o "preço global para todos os tipos de actos" é, neste momento, de 2.759 euros;
- Quanto à legionella, a ministra referiu que existem três hospitais no Norte com casos registados (43 casos em Matosinhos, 25 casos em Póvoa de Varzim e Vila do Conde e oito casos no Porto);
- Sobre os lares, Marta Temido referiu que existem até ao momento 1.090 óbitos "em pessoas cujo domicílio era numa estrutura residencial para idosos";
- "Não sabemos ainda quais são as consequências a médio e longo prazo" nos casos de pessoas que contraem covid-19, lembrou a ministra da Saúde;
- Até ao momento, já foram infetados 8.755 profissionais de saúde: 991 médicos, 2.253 enfermeiros, 2.027 assistentes operacionais e os restantes são de outras categorias profissionais, explicou Marta Temido;
- No Norte, o setor privado já cedeu várias camas para doentes covid-19. "A Fundação de Ensino e Cultura Fernando Pessoa já disponibilizou 45 camas para doentes covid, o Hospital das Forças Armadas tem 40 camas para doentes covid e o Hospital Cuf Porto disponibilizou à ARS do Norte 8 camas", precisou a ministra;
- Os hospitais das áreas de Guimarães, Vale do Sousa e Médio Ave cancelaram “grande parte” da sua atividade programada para atender a doentes com covid-19, segundo Marta Temido. A ministra referiu que no norte do país há mais cancelamentos, mas que hospitais da zona de Lisboa e Vale do Tejo também suspenderam atividade programada não urgente;
Marta Temido afirmou que a tutela continua a tentar “garantir todos os dias a ampliação da capacidade de resposta” dos hospitais públicos à covid-19. “Vamos abrir 28 camas de cuidados intensivos no centro hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho até ao final do mês, no início do mês que vem vamos abrir camas de cuidados intensivos no hospital Fernando da Fonseca [Amadora] e até ao fim do ano no hospital Espírito Santo, de Évora, e, esperamos, em outros hospitais do país”, enumerou;
A ministra referiu que “muitos hospitais do SNS estão a enviar doentes não-covid para outros setores” e que na próxima semana serão anunciados mais programas de colaboração para atender doentes com covid e não-covid;
- Questionada sobre o excesso de mortalidade não-covid do último mês divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística, a resposta de Marta Temido foi que a doença “obrigou os sistemas de saúde a concentrarem-se na resposta à pandemia” e que isso tem “efeitos naquilo que é a resposta a outras patologias.
- A conclusão da ministra é que, com menos de metade do excesso de mortalidade do último mês face à média dos últimos cinco anos a ser atribuível à covid-19, “o Serviço Nacional de Saúde só poderá concentrar-se no que é a resposta às outras patologias a tempo inteiro quando se resolver o problema da resposta à pandemia”.
- “O estudo efetivo destes números carece de tempo. Não dispomos ainda de resultados preliminares, mas no início do ano que vem haverá, esperamos, informações sobre este tema”, acrescentou a ministra.
Comentários