"Já detetámos efetivamente anteriormente duas cadeias de transmissão primárias no concelho da Povoação, uma delas já detetámos que, entretanto, passou a transmissão secundária e implementámos este cordão sanitário em toda a ilha, de maneira que evitemos essa disseminação e propagação e passemos para uma transmissão comunitária”, afirmou hoje o responsável máximo da Autoridade de Saúde Regional dos Açores, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
Desde o passado domingo que o concelho da Povoação já tinha um cordão sanitário, devido à existência de duas cadeias de transmissão local primárias, cuja origem ainda não tinha sido identificada pelas autoridades de saúde.
“Como nós detetámos aquelas duas cadeias de transmissão primárias e como não tínhamos ainda real perceção do foco que terá originado uma das cadeias, decidimos por bem evitar a propagação dessa cadeia de transmissão primária, para que não passasse a secundária, terciária e eventualmente comunitária e implementámos logo um cordão sanitário no concelho”, reiterou Tiago Lopes.
Após vários dias de investigação epidemiológica e feitas várias análises laboratoriais, a Autoridade de Saúde Regional detetou a origem de uma delas numa viagem ao exterior do arquipélago e da outra num contacto com um turista.
“Já sabemos em rigor como é que foi originada, foi através de um cidadão estrangeiro, que esteve alojado numa unidade hoteleira no concelho da Povoação, que já estava infetado e foi diagnosticado em território continental, e que por essa via infetou um dos residentes do concelho da Povoação”, adiantou Tiago Lopes.
Esse residente acabou por infetar o agregado familiar, incluindo dois profissionais de saúde, que transmitiram a infeção a três colegas, em contexto laboral, no concelho de Ponta Delgada, criando uma cadeia de transmissão secundária.
Nas restantes ilhas, mantêm-se apenas duas cadeias de transmissão local primária, uma na ilha Terceira e outra na ilha do Pico, mas nos dois casos foram feitos testes a contactos próximos, que tiveram resultado negativo e que indicam que a situação estará contida.
Ainda assim, o responsável da Autoridade de Saúde Regional alertou para o facto de os Açores estarem “na iminência” de passarem de uma fase de contenção para uma fase de mitigação.
“Toda a preparação que nós temos estado a fazer é precisamente para antever a entrada na fase da mitigação. Não estamos, em bom rigor, totalmente nessa fase. O nível de alerta e de resposta que está previsto para entrar na fase de mitigação pressupõe a transmissão local e em ambiente fechado. Estamos a averiguar todos os casos positivos que tivemos por forma a apurar com efetividade essa situação”, frisou.
Os Açores registaram hoje seis novos casos da covid-19 (três em São Miguel, dois na Terceira e um na Graciosa), elevando o número total para 63.
A ilha de São Miguel é a mais afetada, com 28 casos confirmados, seguindo-se Terceira (11), Pico (nove), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (três).
Destes, 14 estão internados nos três hospitais da região, cinco deles em unidades de cuidados intensivos.
O Governo Regional dos Açores decidiu hoje fixar cercas sanitárias nos seis concelhos da ilha de São Miguel, ficando interditadas "as deslocações entre concelhos", entre as 00:00 de sexta-feira e as 00:00 de dia 17 de abril.
Foi determinado também o encerramento do atendimento ao público em todos os serviços públicos, da administração regional e local, de estabelecimentos comerciais, industriais e serviços, na ilha de São Miguel, excetuando-se o abastecimento de bens essenciais à população e a manutenção da atividade de setores tidos por fundamentais para esse objetivo, como a pecuária ou as pescas.
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