
O julgamento mediático do "roubo do século" - o assalto à mão armada de joias avaliadas em 10 milhões de dólares - entrou na na fase final. Os dez réus saberão o veredicto na sexta-feira.
Na sua declaração final, a procuradora Anne-Dominique Merville esforçou-se para desmantelar a imagem terna dos suspeitos como "avôs ladrões", dizendo que "todos são culpados".
"Hoje, são retratados como criminosos desajeitados, homens e mulher idosos com rugas reconfortantes, mas em 2016, eles eram ladrões experientes do grande crime organizado", acrescentou a procuradora.
Antes de anunciar as sentenças que procurava para cada um, a Procuradoria reviu esse roubo "rápido" que ocorreu "entre 2h59 e 3h15", na madrugada de 3 de outubro de 2016, em plena Semana de Moda de Paris.
"Estava encapuzados, usavam luvas, sequestraram e amarraram. Não têm empatia por Kim Kardashian, pelo recepcionista" do hotel parisiense onde os factos ocorreram, diz Merville.
Nesse assalto "meticulosamente preparado", "vieram atrás desse anel [avaliado em cerca de 4 milhões de dólares], recuperam-no, eles sabem exatamente o que estão a fazer", enfatiza a procuradora.
O "cérebro" da operação
A procuradora pediu uma pena de 10 anos de prisão para Aomar Ait Khedache, de 69 anos, que considera o "cérebro" da operação, pois é quem "dá as ordens", "recruta" e viaja para a Bélgica para revender as joias.
O homem, agora completamente surdo e quase mudo, lê o pedido de sentença ao vivo em seu computador, graças a dois estenógrafos, encolhido no seu assento vestido com um casaco azul marinho, observou um jornalista da AFP.
O principal acusado, identificado por DNA, rapidamente admitiu o envolvimento, mas negou ser o líder do grupo.
Durante o julgamento, chegou a escrever uma carta de desculpas à vítima.
"Perdoo-o pelo que aconteceu, mas isso não muda o trauma e a maneira como a minha vida mudou", disse Kim Kardashian a 13 de maio, após chorar ao ouvir o pedido de desculpas de Ait Khedache.
A mesma pena de 10 anos foi solicitada para outros três homens da "equipa" de assaltantes, incluindo Didier Dubreucq, de 69 anos, atualmente hospitalizado, e Yunice Abbas, de 71, que sofre da doença de Parkinson.
Para o filho de Aomar Ait Khedache, Harminy, a Procuradoria pediu oito anos de prisão por atuar como motorista na noite do roubo.
Assim que as argumentações da Procuradoria terminarem, a defesa começará a apresentar os argumentos finais nesta quarta-feira e ao longo de quinta-feira. Na sexta, os acusados terão a palavra final antes que o tribunal se retire para deliberar.
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