"Eu penso que esteja tudo bem", disse a certa altura da conversa com os jornalistas Adriano Maranhão, canalizador do navio japonês Diamond Princess que ficou conhecido com o primeiro português infetado com o Covid-19 (ou "novo coronavírus"). "Fiz um teste que deu positivo, de seguida fiz dois testes que deram negativo" e "não fiz tratamento nenhum", disse ainda o português.

Referindo que não recebeu qualquer tratamento por parte das autoridades japoneses - com exceção de paracetamol que pediu ainda no navio quando sentiu febre, esteve apenas em observação -, Adriano Maranhão disse à chegada ao aeroporto de Lisboa que ainda tem "o certificado do primeiro positivo, assinado pelo próprio médico do hospital (...) ainda no navio, onde me deram ordem de isolamento". Recorde-se que foi há cerca de três semanas saíram as primeiras notícias para a comunicação social que davam conta de um português que estaria infetado com o novo coronavírus num navio atracado no Japão.

O português lembrou que fez depois dois testes que deram negativo e, quando confrontado com a possibilidade do primeiro exame ter sido um falso positivo, referiu que o que os médicos lhe informaram foi que "poderia ter o vírus há mais tempo e que" o mesmo "já estaria de saída".

Realçando o papel da mulher no seu tratamento e regresso a Portugal, o primeiro português infetado com o novo coronavírus referiu que não sentiu medo, não obstante ter sido informado de que o navio já não tomaria conta de si.

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"Quem me informou que estava com o teste positivo foi uma médica japonesa, não foi o médico do navio", o que provocou alguma "confusão" na altura, começou por dizer, referindo depois que a mesma médica o instruiu a contactar a embaixada portuguesa em Tóquio e a companhia porque "a partir dali o navio não tomava mais conta de mim".

Sobre as notícias de que haveria outro português infetado, Adriano Maranhão disse que o mesmo lhe pediu sigilo, que respeitasse a sua privacidade e que não teria conhecimento do seu estado de saúde, referindo ainda que não vai divulgar o nome do mesmo e que isso cabe à sua família.

Questionado sobre se estaria disposto a voltar à companhia de cruzeiros, o canalizador referiu que vai ter "dois meses para pensar" uma vez que a empresa lhe concedeu dois meses (pagos) sem trabalhar para pensar se quer voltar ou não.

Portugal regista, neste momento, 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS comunicou também que em Portugal se atingiu um total de 339 casos suspeitos desde o início da epidemia, 67 dos quais ainda a aguardar resultados laboratoriais. Face ao aumento de casos, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte. Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas. Os residentes nos concelhos Felgueiras e Lousada, do distrito do Porto, foram aconselhados a evitar deslocações desnecessárias.

A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.000 mortos. Cerca de 114 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.

Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China, com 463 mortos e mais de 9.100 contaminados pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.