“Os países do hemisfério norte estão a enfrentar uma segunda onda da pandemia e os sul-africanos devem ser cautelosos ao viajar para esses países, pois podem ficar afetados ou até mesmo retidos no exterior, dependendo das restrições nos respetivos países e com a probabilidade de voos internacionais serem cancelados a curto prazo”, disse em comunicado a ministra das Relações Internacionais e Cooperação, Naledi Pandor, após um encontro com jornalistas em Pretória.

A governante sul-africana disse que a União Africana (UA), presidida pela África do Sul, “também desenvolveu uma estratégia de vacinação para o continente e estabeleceu uma ‘Task Team’ de Aquisição de Vacinas, para garantir que as vacinas de covid-19 estejam disponíveis para os africanos”.

“Há receios de que os países mais ricos do planeta possam armazenar quantidades de vacinas e usar os direitos de propriedade intelectual para bloquear o acesso às vacinas pelos países em desenvolvimento”, salientou.

“O ‘nacionalismo de vacinas’ é uma ameaça muito real, pois criará problemas de abastecimento para os países mais pobres, negando assim aos seus cidadãos o acesso a vacinas que salvam vidas”, adiantou a governante.

Mais de 30.000 sul-africanos foram repatriados pelo Governo de vários pontos do planeta, em mais de 350 voos, desde o confinamento extraordinário de nível 5 anunciado pelo Presidente, Cyril Ramaphosa, em 15 de março, referiu Pandor.

O Presidente falará ao país na noite desta segunda-feira sobre a situação pandémica na África do Sul, o país mais afetado pela pandemia em África, tendo em conta o aumento de infeções pelo novo coronavírus, que causa a covid-19, no país, disse um porta-voz presidencial.

Na semana passada, o ministro da Saúde, Zweli Mkhize, confirmou a ocorrência de uma segunda vaga da pandemia em seis províncias do país.

Nos últimos dias, o grupo etário alvo de contágio pelo novo coronavírus é o dos 15 aos 19 anos, devido ao elevado número de festas de fim de ano envolvendo jovens, consumo de álcool e a não observação do uso de máscara, álcool gel e distanciamento social, segundo Mkhize.

As autoridades da saúde sul-africanas anunciaram 7.999 novos casos de infeção e 170 óbitos devido à covid-19 na África do Sul, nas últimas 24 horas, elevando-se para 860.964 infeções e 23.276 mortos no país desde o início do primeiro confinamento em março, com um total de 761.011 recuperados.

As províncias de Gauteng, com 245.360 casos de infeção, o Cabo Ocidental (154.851 infeções) e o Cabo Oriental (148.528 infeções) são as regiões do país mais afetadas pela nova vaga da pandemia do novo coronavírus.

O governo provincial do Cabo Oriental, que regista o maior número de óbitos no país por covid-19 com 5.493 casos reportados, está a considerar encerrar o acesso às praias durante a época balnear que decorre até janeiro.

No KwaZulu-Natal, terceira província do país com maior número de mortos registados por Covid-19 (3.457 óbitos), depois do Cabo Ocidental (5.097 óbitos) há cerca de 300 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus, segundo o sindicato dos profissionais da Saúde.

A África do Sul realizou 5,8 milhões de testes à covid-19 desde março, com 58% dos testes realizados por laboratórios privados, referem as autoridades da saúde sul-africanas.