“Acabo de emitir um decreto de necessidade e urgência pelo qual toda a Argentina, todos os argentinos, a partir das 00:00 deverão submeter-se ao isolamento social preventivo e obrigatório. A partir desse momento, ninguém pode sair das suas residências. Todos têm de ficar em casa”, anunciou Alberto Fernández, numa intervenção feita a partir da residência presidencial de Olivos, onde instalou o gabinete desde que a epidemia chegou ao país.

O objetivo é “evitar que o vírus se propague para que o sistema sanitário argentino possa enfrentar” esta doença, salientou.

Fernández também justificou a mudança de quarentena voluntária para obrigatória devido ao comportamento de parte da população que aproveitou a situação para viajar para as praias.

“Continuamos a ter problemas com pessoas que não entendem que não se pode circular pelas ruas porque o risco a que expõem os outros é muito grande”, acusou Fernández, visivelmente irritado.

O cumprimento da quarentena será responsabilidade das forças de segurança argentinas, que vão controlar a circulação de pessoas e veículos.

“Seremos absolutamente inflexíveis”, advertiu o Presidente. “Aquele que não puder explicar o que faz na rua será submetido ao código penal”, avisou.

As exceções da medida abrangem pequenos comércios de bairro, como mercearias e lojas de ferragens, além de atividades comerciais como supermercados e farmácias.

Há também 24 profissões isentas, como membros de governos provinciais e municipais, diplomatas, pessoal da saúde, das forças de segurança e das forças armadas, responsáveis pela produção de alimentos, de fármacos e de combustíveis.

“Temos duas lutas: contra a pandemia e contra a psicose”, disse Alberto Fernández, ao pedir que não haja pânico. O Presidente também sublinhou que, apesar do estado excepcional, as medidas estão dentro do regime democrático.

“É uma medida excepcional num momento excepcional, mas absolutamente dentro do que a democracia permite. Seremos muito severos com quem não respeitar o isolamento. E seremos severos porque a democracia nos exige”, defendeu.

Logo depois do anúncio, a Presidência argentina divulgou uma “Carta do Presidente aos Argentinos”, na qual Alberto Fernández classificou a pandemia da Covid-19 como “o problema de Saúde mais grave que o país teve em toda a sua vida democrática” e “a prova mais exigente que a Argentina teve neste século”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 179 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.