“Mesmo antes do anúncio do Governo, o Porto já estava a ter um comportamento social por parte dos comerciantes assinalável, que fecharam os seus estabelecimentos e puseram o bem comum acima dos próprios interesses, isso é de salutar”, disse, em declarações à Lusa, Joel Azevedo.

O presidente da ACP afirmou que, apesar das preocupações demonstradas pelos comerciantes da cidade, face ao surto Covid-19, o encerramento dos estabelecimentos é o reflexo de uma “clara demonstração de responsabilidade”.

“Muitos dos que fecharam os estabelecimentos não sabem como será o dia de amanhã, mas sabem que sem pessoas saudáveis esse comércio não fazia sentido”, reforçou.

Numa altura em que se aguarda pela reunião do Conselho de Estado e a eventual decisão de ser decretado o estado de emergência, Joel Azevedo garantiu que a Associação de Comerciantes do Porto “tudo fará”, junto de várias entidades, para “dar resposta e salvaguardar o interesse dessas pessoas e do seu comércio”.

“Tudo faremos para com aqueles que agiram para salvaguardar um bem comum. Estamos certos de que o Governo ainda não apresentou todas as medidas de apoio aos comerciantes e estou certo de que a comunidade vai-se associar a contribuir, mais tarde, para esse apoio aos comerciantes”, referiu.

O responsável, que disse ter sido contactado por diversos comerciantes, alertou especialmente para os “negócios mais antigos e de rua”, cujos proprietários, ao encerrarem os seus estabelecimentos, “não sabem muito bem como continuarão a sustentar a própria família”.

No entanto, lembrou que o importante agora é “acautelar que não existem relações sociais que possam aumentar o contágio”.

“A não ser bens essenciais, todos devem ter essa missão. Mais do que o seu próprio negócio e o seu próprio interesse, só assim a comunidade continua a crescer”, concluiu.

Portugal registou hoje a primeira morte devido à Covid-190, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido, que disse tratar-se de um homem de 80 anos, com "várias patologias associadas" que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS), há 331 pessoas infetadas até hoje.

Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.

Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.

De acordo com o boletim, há 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.

Atualmente, há 18 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais quatro do que no domingo.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

O Governo também anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.