"Se, de facto, a posição da União Europeia é de que lhe parece bem que se conceda as licenças de exportação e que as 3,8 milhões de doses cheguem à Austrália, então encorajamo-la a fazê-lo", disse Scott Morrison aos jornalistas em Camberra, depois de a UE ter garantido não estar a bloquear o envio das vacinas.
O responsável acrescentou que o Governo também vai contactar a AstraZeneca "para procurar licenças de exportação para as 3,8 milhões de doses completas para a Austrália", das quais só 700 mil doses chegaram ao país.
A Austrália comprometeu-se a enviar o primeiro milhão das restantes doses de vacinas para a vizinha Papua Nova Guiné, que enfrenta uma grave crise sanitária devido à covid-19.
Morrison disse anteriormente que a Austrália ainda não tinha recebido 3,1 milhões de doses da vacina AstraZeneca esperadas, o que levou à administração de menos de 25% da meta de quatro milhões estabelecida para final de março, posteriormente revista para fim deste mês.
As declarações de Morrison levaram o porta-voz da UE, Eric Mamer, a esclarecer na terça-feira que o bloco europeu apenas tinha negado o envio de 250 mil doses da vacina AstraZeneca de Itália para Austrália no mês passado.
"Não podemos confirmar qualquer nova decisão de bloquear as exportações de vacinas para a Austrália ou qualquer outro país", disse o porta-voz da UE, que enfrenta uma crise de escassez de vacinas AstraZeneca, uma vez que a farmacêutica não consegue acompanhar a procura.
A Austrália tinha assegurado 53,8 milhões de doses da AstraZeneca, das quais cerca de 3,8 milhões deviam ser entregues no início de 2021, enquanto os outros 50 milhões seriam produzidos localmente pelo laboratório CSL, como parte da campanha de vacinação australiana, iniciada em 21 de fevereiro com a vacina Pfizer.
Os atrasos na vacinação também causaram confrontos entre o Governo de Morrison e estados e territórios da Austrália, depois de o Ministro da Agricultura, David Littleproud, ter acusado essas jurisdições de armazenarem, em vez de distribuírem.
A Austrália, que mantém as fronteiras internacionais fechadas desde março de 2020, acumulou desde o início da pandemia cerca de 29.300 casos e 909 mortes por covid-19, a maioria das quais causadas pela segunda vaga, após falhas de segurança em meados do ano passado em centros de quarentena para viajantes internacionais.
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