Em comparação com os dados de quarta-feira, em que se registavam 1.089 mortos, hoje constatou-se um aumento de óbitos de 1,5%.

Relativamente ao número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus (26.715), os dados da Direção Geral da Saúde (DGS) revelam que há mais 533 casos do que na quarta-feira (26.182), representando uma subida de 2%.

Segundo o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, a taxa de letalidade global é de 4,1% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 15,1%.

Em tratamento domiciliário estão 84,1% dos casos e em internamento estão 3,3% (0,5% em Unidade de Cuidados Intensivos e 2,8% em enfermaria).

Face ao aumento dos casos de infeção na região de Lisboa e Vale do Tejo (hoje, mais 294 casos), Graça-Freitas referiu que "as explicações para o facto estão a ser procuradas", referindo que a DGS está a estudar todos os dados disponíveis para o efeito, em parceria com as autoridades de saúde da região. O objetivo, disse, é saber-se se são "fenómenos isolados" ou se há "uma origem concreta", salientando que em Lisboa têm sido feitos "rastreios maciços e pode haver aqui o efeito" dessa medida.

A Diretora-geral da Saúde referiu ainda que, neste momento, o indicador R0  — o número de pessoas que é necessário infetar para que a epidemia se mantenha, ou seja, o que é que cada infetado transmite a um determinado número de pessoas — de Lisboa é "ligeiramente superior ao resto do país, com base nos últimos cálculos efetuados" pelo Instituto Doutor Ricardo Jorge.

Desde dia 1 de março foram realizados mais de 490 mil testes de diagnóstico em Portugal. Neste momento, há 73 laboratórios a processar amostras no país (32 no SNS, 19 de grupos privados e 22 outros laboratórios, entre eles a Academia, o Exército e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária).

O secretário de Estado anunciou ainda que "o stock disponível de testes é de mais de um milhão, tendo já sido distribuídos "pelos laboratórios do SNS e pelas regiões autónomas mais de 340 mil testes".

A região norte recebeu quase metade desses testes (45% do total), seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo (33%), a região Centro (8%), 4,4% no Algarve e 1,5% no Alentejo, tendo os restantes testes sido enviados para os Açores e Madeira, especificou António Sales.

Apesar de mais de um milhão de testes, a reserva de kits de extração, necessários para a realização destes testes, “é de 915 mil kits”, segundo os números avançados hoje por António Sales.Nos lares, "do universo de 2.526 residências sociais para idosos existentes em Portugal, cerca de 14% têm casos de infeção pelo novo coronavírus, ou seja, 251 lares".

Lacerda Sales referiu ainda que já foram transferidos 3.200 doentes do SNS para a rede nacional de cuidados continuados integrados, desde 9 de março. No mesmo período, foram encontradas mais de 290 respostas sociais, que permitiram libertar camas hospitalares.

"Prosseguimos firmes no nosso caminho, adaptando as medidas à melhor evidência disponível em cada momento e protegendo sempre quem mais necessita. Isto com a consciência de que este é um trabalho coletivo e contínuo, que não pode abrandar ao sabor das estações do ano e dos dias com mais ou menos sol", referiu o secretário de estado.

Questionada pelos jornalistas se Portugal vai testar as pessoas que anteriormente tinham sido diagnosticadas com pneumonia, mas que apresentam evidência de coronavírus, como aconteceu já em Paris, Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, referiu que esta é uma "questão muito complexa, mas que está obviamente a ser ponderada", de acordo com as orientações da OMS.

Sobre as pessoas infetadas há meses e que continuam a apresentar resultados positivos embora estejam assintomáticas, a Diretora-geral da Saúde refere isto que "pode ter apenas um significado de existência de pequenos fragmentos, de partículas do RNH do vírus na nasofaringe e na orofaringe, não significando nem que as pessoas têm a doença, nem que as pessoas estão infecciosas", referiu, alertando que existem estudos em vários países sobre esta questão. "Há partículas do vírus que podem permanecer no trato respiratório superior e dar ainda esse sinal positivo", reforçou.

A monitorização das mortes, os testes para grupos específicos e o regresso do futebol

A conferência de imprensa prosseguiu com uma questão sobre a utilização de máscaras em doentes com dificuldades respiratórias, na chegada aos hospitais, em referência ao caso da morte do ex-atleta Nuno Alpiarça, que não testou positivo para a doença. Graça Freitas recusou-se a comentar o caso específico, mas salientou que tem sido posta a "ressalva do uso da máscara de acordo com a situação clínica".

"A máscara só se aplica em situações em que a pessoa a consiga tolerar do ponto de vista clínico. A indicação genérica da Direção-Geral, não comentando esse caso, é de não recomendação para utilização quando a situação clínica o impeça", garantiu.

No que diz respeito às causas de morte, Graça Freiras referiu que todos os dias estas são monitorizadas. "Os dados estão disponíveis no site da vigilância da mortalidade, da DGS, são públicos. Desde o dia 14 de abril que não notamos, para todas as causas [covid-19 e outras] e para todas as idades, nenhuma alteração no padrão da mortalidade, de acordo com o esperado para esta altura do ano", frisou. "Há aqui uma constância, estamos dentro da linha de base".

Quanto aos testes que a Fenprof pediu para todos os professores, a Diretora-geral da Saúde referiu que a situação de testes em massa para casos específicos está a ser analisada.

"Como sabem, há uma política para testar em lares — sobretudo os trabalhadores, mesmo que não existam casos, são testes de rastreio —, para estabelecimentos prisionais e para as creches. Estão a ser analisadas outras situações que requeiram o mesmo tipo de atenção", garantiu.

Questionada sobre os doentes recuperados, Graça Freitas frisou que "esta doença é acompanhada e seguida como as outras". As pessoas "têm alta clínica, que é dada pelo médico assistente, e a partir dessa altura seguem o seu plano assistencial habitual para o seu estado de saúde. Serão acompanhadas até o médico achar que aquele episódio ainda não está encerrado, mesmo que tenham ido para domicílio", disse.

Sobre o regresso dos jogos de futebol e dos estádios disponíveis para o efeito, Lacerda Sales referiu que "não está nada ainda fechado nem definido". Contudo, o secretário de estado garantiu que a reunião de ontem "correu muito bem", dizendo que "é importante que haja uma retoma da atividade, sem que isso quebre qualquer regra de segurança ou sanitária".

"É preciso haver um trabalho constante de adequação para que estas duas premissas sejam realizáveis e, com certeza, se isso acontecer, teremos os nossos jogos de futebol" retomados, referiu.

Novo coronavírus SARS-CoV-2

A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.

A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).

Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.

Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.

A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.

Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.

Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.

Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.

Onde posso consultar informação oficial?

A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.

Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.