“Quero salientar que a nossa campanha [de vacinação] não está, de todo, a falhar”, disse a comissária da Saúde, Stella Kyriakides, falando num debate por videoconferência no Comité das Regiões sobre a situação da covid-19.
De acordo com a responsável pela tutela, “até ao dia de hoje, 70 milhões de doses foram distribuídas e 53 milhões de doses foram administradas” na União Europeia (UE).
Este números integram um “portefólio comum de quase 2,6 mil milhões de doses para os cidadãos europeus e para os países terceiros” já assegurado por Bruxelas, acrescentou, numa alusão aos contratos assinados para aquisição das vacinas já aprovadas pela Agência Europeia do Medicamento contra a covid-19: BioNTech-Pfizer, Moderna, AstraZeneca e Janssen (grupo Johnson & Johnson).
“Reconhecemos que tenham ocorrido desafios na produção e na entrega e que, talvez, tenhamos sobrestimado a capacidade da indústria para o cumprir, mas não nos podemos nunca esquecer que mais pessoas estão a ser vacinadas em cada canto da Europa a cada dia”, salientou Stella Kyriakides.
Esta posição surgiu depois de nos últimos dias vários países europeus, incluindo Portugal, terem decidido por precaução suspender a administração da vacina da AstraZeneca após relatos de aparecimento de coágulos sanguíneos e da morte de pessoas inoculadas com este fármaco.
Para hoje está prevista a divulgações de conclusão da Agência Europeia do Medicamento após investigações a estes casos, depois de o regulador europeu ter garantido não haver provas de aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas com este fármaco contra a covid-19.
Além destes efeitos secundários, a AstraZeneca tem estado na ‘mira’ da Comissão Europeia por demoras na entrega de vacinas à UE e, no fim de semana passado, anunciou novos atrasos, invocando as restrições impostas pela UE à exportação.
Devido a tal cenário, a Comissão Europeia anunciou na terça-feira ter chegado a acordo com a BioNTech-Pfizer para a entrega antecipada de 10 milhões de doses da vacina contra a covid-19, que estarão disponíveis já no segundo trimestre.
Na quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou que os atrasos na produção e entrega de vacinas da covid-19 pela farmacêutica AstraZeneca tenham “reduzido a velocidade da campanha de vacinação” na UE.
De acordo com a responsável, a farmacêutica britânica comprometeu-se inicialmente a “fornecer 90 milhões de doses até final do trimestre, mas fez uma primeira redução para 40 milhões e agora a sua projeção é de reduzir para 30 milhões”.
Falando em conferência de imprensa em Bruxelas na quarta-feira, Ursula von der Leyen ameaçou ainda endurecer as condições de exportação de vacinas da covid-19 para fora da UE se não houver reciprocidade na entrega de vacinas no bloco.
Hoje, neste debate por videoconferência no Comité das Regiões, a comissária da Saúde destacou que o executivo comunitário tem vindo a “adotar decisões cruciais para aumentar a produção, entrega e administração de vacinas na UE”.
“Claro que ainda temos um longo caminho por percorrer, mas estamos determinados em atingir o nosso objetivo, que é dar proteção a todos os nossos cidadãos contra este vírus”, concluiu Stella Kyriakides.
A meta da Comissão Europeia é a de vacinar pelo menos 70% da população adulta da UE até ao final verão, em setembro.
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