“Eu não sei se chegaremos aí ou não, também não me quero substituir nem ao senhor presidente nem à conferência de líderes mas eu acho que a hipótese de […] termos de passar por exemplo por uma situação de comissão permanente, eu acho que essa hipótese não pode ser descartada, consoante a evolução e consoante aquilo que nós tivermos nos próximos dias”, afirmou.

O líder do grupo parlamentar argumentou que não pode ser dito às pessoas para “não se concentrarem, não estar muita gente junta em espaços fechados, e depois a própria Assembleia dar o exemplo contrário”.

“Para já, essa decisão não foi tomada mas, obviamente, no meu ponto de vista pessoal, ela não pode ser descartada”, acrescentou, ressalvando que os deputados do CDS assumirão as suas funções “em qualquer caso”.

Telmo Correia salientou igualmente que a sociedade tem de perceber “que isto é uma coisa muito séria, é para levar a sério, e que os portugueses têm que adotar comportamentos” para enfrentar “uma situação que é grave, e que é muito grave”.

De acordo com o ‘site’ do parlamento, a Comissão Permanente é “presidida pelo presidente da Assembleia da República e composta pelos vice-presidentes e por deputados indicados por todos os grupos parlamentares, de acordo com a sua representatividade”.

Este órgão funciona “fora do período de funcionamento efetivo da Assembleia da República, durante o período em que ela se encontra dissolvida e nos restantes casos previstos na Constituição”.

“Acho que tudo o que possamos fazer, devemos fazer”, salientou Telmo Correia, argumentando que “mais vale sempre fazer mais do que menos”.

Numa declaração aos jornalistas no parlamento, o deputado observou que os 230 deputados partilham um espaço fechado e concentram-se “durante muitas horas num espaço muito restrito”.

O líder parlamentar abordou também a situação do deputado João Gonçalves Pereira, que está em quarentena por precaução, depois de ter estado com a ex-presidente do CDS, Assunção Cristas, numa reunião da Câmara Municipal de Lisboa, onde são os dois vereadores.

Assunção Cristas também está em quarentena, depois de ter estado em contacto direto com “um amigo próximo que testou positivo ao novo coronavírus”, anunciou a própria.

“Considerando que estiveram os dois a preparar a reunião e estiveram os dois juntamente na reunião, a trabalhar em conjunto o tempo todo, partilhando instrumentos de trabalho, documentos, etc… eu entendi que, até termos mais informação designadamente em relação ao caso da professora Assunção Cristas, que era conveniente que ele hoje não estivesse nos trabalhos e vamos aguardar”, referiu Telmo Correia.

“É evidente que o contacto dele é sempre indireto e portanto a confirmar-se, com eu espero que confirme, que não haja positividade no caso da professora Assunção Cristas, o deputado João Gonçalves Pereira voltará aos trabalhos normalmente”, adiantou igualmente.

A Assembleia da República decidiu hoje suspender todas as visitas guiadas e admissão de grupos de visitantes para evitar o risco de transmissão do novo coronavírus, adiando ainda todos os eventos como conferências ou apresentações de livros.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou hoje o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (19), ao passar de 59 para 78, dos quais 69 estão internados.

O boletim divulgado hoje assinala também que há 133 casos a aguardar resultado laboratorial e 4.923 contactos em vigilância, mais 1.857 do que na quarta-feira.

No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 637 casos suspeitos.

Várias universidades e outras escolas já decidiram suspender as atividades letivas.

As medidas já adotadas em Portugal para conter a pandemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.