Em comunicado enviado à agência Lusa, a Distrital de Évora do CDS-PP considerou que "a única solução é apresentar a demissão de todas as funções políticas que ocupa", devido ao "acumular de demonstração de incompetência para assumir funções públicas".

"Não é admissível qualquer argumento ou pedido de desculpas, nada será aceitável perante o gesto interesseiro que foi praticado", sublinharam os democratas-cristãos de Évora.

Conforme noticiou na semana passada o semanário Expresso na sua página de Internet, o presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz (Évora), José Calixto, eleito pelo PS, já tomou a primeira dose da vacina contra a covid-19, enquanto presidente de uma fundação gestora de um lar.

O autarca, pode ler-se na notícia do Expresso, "foi incluído numa lista de funcionários e utentes a vacinar enviada pelo lar" da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), onde um surto de covid-19, no verão de 2020, provocou a morte de 18 pessoas.

De acordo com o Expresso, "apesar de não se inserir em nenhum dos grupos prioritários para a primeira fase da vacinação", o autarca "conseguiu contornar os critérios definidos pelo Governo e pelas autoridades de saúde por ser presidente da fundação que gere o lar".

No comunicado, o CDS-PP de Évora realçou que o presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz foi vacinado "quando não é suposto pertencer a nenhum grupo de risco", e num momento em que o país vive "o pior momento da pandemia" e quando se torna "fundamental a vacinação daqueles que são mais frágeis".

"Com esta atitude, está a subtrair um bem escasso, como é a vacina, a um dos seus próprios munícipes ou a quem dela mais necessita", referiu a estrutura partidária, salientando que a atitude "nada dignifica quem representa a população de Reguengos de Monsaraz".

Na sexta-feira, a FMIVPS justificou a vacinação do autarca e também presidente da instituição por ser uma das pessoas que têm "contacto regular direto com os utentes" do lar.

A instituição explicou então ter indicado para serem vacinados "todos os utentes, funcionários, administrativos, técnicos e dirigentes que têm contacto regular direto com os utentes", em "obediência às indicações recebidas pelas autoridades de saúde e da segurança social".

Também na sexta-feira, numa resposta à Lusa, o Ministério da Saúde esclareceu que a decisão sobre as pessoas a incluir na lista de funcionários e utentes dos lares de idosos para a vacinação contra a covid-19 pertence a cada estabelecimento.