“Estamos a assistir a um aumento em Portugal em termos de taxas de hospitalização e está a surgir um pouco mais tarde do que noutros países” europeus, afirma em entrevista à agência Lusa o diretor do departamento de Vigilância do ECDC, Bruno Ciancio.
De acordo com o especialista, “é importante que o país considere que este é apenas o início” da subida do número de internamentos por infeções com o novo coronavírus, que tem vindo a acentuar-se desde princípios de outubro.
Bruno Ciancio defende, por essa razão, que “muito deve ser feito [em Portugal] para baixar essa taxa antes que tenha um grande impacto na população”, nomeadamente aumentando a capacidade dos sistemas de saúde e introduzindo medidas de contenção mais direcionadas.
Portugal é, aliás, um dos 22 países europeus que o ECDC classifica como estarem a “registar tendências que são preocupantes”, por estarem a enfrentar “não só um aumento do número de casos, mas também de taxas de hospitalização e de mortalidade”, explica o especialista à Lusa.
O país ultrapassou a 8 de outubro a barreira dos 1.000 novos casos diários e está agora a registar mais de 3.000 infeções diárias.
Esta tem sido uma tendência registada em praticamente todos os países europeus, sendo que os piores em termos de taxas de notificação são Bélgica, República Checa, França, Holanda, Espanha e Reino Unido.
Já em termos de mortalidade, os países com maiores taxas são Bélgica, República Checa, Hungria, Polónia, Roménia e Espanha.
“O que estamos a assistir agora na Europa é a uma situação em que há uma rápida deterioração, do ponto de vista epidemiológico, e todos dias vemos o dobro do número de novos casos da América, por exemplo”, assinala Bruno Ciancio.
Dados do ECDC revelam que, por dia, estão a registar-se cerca de 250 mil novos casos na Europa e mais de 2.000 mortes.
“Esta é uma situação que requer atuações rápidas”, insiste o especialista.
Bruno Ciancio diz, também, que este aumento exponencial já era esperado pela agência europeia após o relaxamento das severas medidas de contenção implementadas na primavera.
“Este aumento era previsível porque a razão pela qual a taxa de transmissão estava baixa no verão era porque muitas medidas tinham sido adotadas previamente, durante a primavera, até maio e junho”, concretiza.
O especialista conclui, assim, que “este é um vírus bastante previsível” e que, por isso, “a variação a incidência está altamente relacionada com as medidas aplicadas e com o cumprimento dessas medidas”.
Sediado na Suécia, o ECDC tem como missão ajudar os países europeus a dar resposta a surtos de doenças.
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