“A Comissão está extremamente preocupada com a questão das variantes […] e, evidentemente, continuamos a seguir a situação [da dupla mutação detetada na Índia] de muito perto, tanto do lado da Comissão, como juntamente com os Estados-membros”, declarou o porta-voz da instituição para a área dos Assuntos Internos, Adalbert Jahnz.
Questionado na conferência de imprensa diária do executivo comunitário, em Bruxelas, sobre a propagação desta variante do vírus, nomeadamente em viagens, Adalbert Jahnz recordou estar em vigor uma “recomendação do Conselho que diz respeito à restrição de viagens externas [à União Europeia], que foi adaptada às ameaças das variantes no início de fevereiro”.
Recomendações essas que preveem “medidas específicas relativas aos viajantes de países onde foram identificados riscos elevados, […] incluindo disposições de quarentena mais rigorosas ou mais testes precisamente para enfrentar a ameaça das variantes”, precisou.
O responsável indicou que este assunto das viagens externas continuará a estar em discussão na estrutura de resposta do Conselho às crises (IPCR), que junta a Comissão e os Estados-membros para situações como pandemias, prevendo-se mais debates na próxima segunda-feira.
Por seu lado, o porta-voz da Comissão Europeia para a área da Saúde, Stefan de Keersmaecker, assinalou que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, agência sanitária europeia, também “acompanha de forma próxima” a evolução das variantes do SARS-CoV-2.
“Está a utilizar todos os tipos de ferramentas para monitorizar esta e outras variantes, tais como a vigilância baseada em indicadores de provas científicas epidemiológicas e bases de dados de sequências”, elencou.
A estirpe de covid-19 detetada na Índia está a degradar rapidamente a situação sanitária naquele país e a provocar preocupação em vários países, que temem que possa ser mais contagiosa e resistente às vacinas.
Esta variante, designada como B.1.617, foi detetada em outubro, no oeste da Índia, e é qualificada como uma “dupla mutação” porque é constituída por duas variantes do vírus SARS-CoV-2.
Esta é a primeira vez que estas características foram encontradas juntas numa variante com propagação significativa.
Estas características levantam preocupações de que a nova estirpe seja mais resistente às vacinas atuais contra a covid-19, desenvolvidas para reconhecer a proteína ‘spike’ presente nas outras variantes do coronavírus.
Outra preocupação levantada pela nova estirpe é que se trate de uma variante mais contagiosa, o que explicaria o aumento do número de infetados numa altura em que muitos países tentam conter uma segunda ou terceira vagas da pandemia.
A situação na Índia, que enfrenta uma explosão de contaminações e mortes depois de ter conseguido, até há pouco tempo, manter o impacto da pandemia num nível mínimo, constitui uma preocupação crescente para muitos países.
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