“É uma decisão que lamentamos imenso e que não compreendemos. Em maio, os britânicos consideravam Portugal um milagre e, desde maio, registamos menos internamentos e mortos [relacionados com a pandemia de covid-19] e os nossos serviços de saúde estão melhor apetrechados”, afirmou o presidente da CTP, em declarações à Lusa.

Francisco Calheiros lembrou que, em Portugal, já foi lançado o selo de certificação ‘Clean and Safe’ e, em paralelo, uma plataforma com o mesmo nome, que permite aos turistas classificarem os empreendimentos.

Para este responsável, que garantiu que a confederação está em permanente contacto com o Governo português, é importante começar já a trabalhar para que esta situação seja revertida.

“Se as coisas não forem revertidas, o cenário vai ficar pior. Não vale a pena pintar de rosa o que é negro”, vincou.

De acordo com a CTP, esta decisão vai assim afastar os britânicos de Portugal que, por exemplo, no Algarve, representam a maior parte dos turistas.

“Se pensarmos numa família tipo britânica, eles não vão deixar de passar férias. Não viajam para Portugal, mas algum país vai lucrar com isso”, notou.

O presidente da confederação do turismo referiu que a pandemia tem sido “desastrosa” para o setor, levando a quebras de 50% em março e a mais de 90% em abril.

Neste sentido, conforme acrescentou, a decisão do Reino Unido vem eliminar as perspetivas de recuperação em junho.

“Não podemos baixar os braços. Temos que continuar a lutar para reverter isso o mais rápido possível”, concluiu.

Portugal foi excluído dos “corredores de viagem internacionais” com destinos turísticos que o Reino Unido vai abrir para permitir aos britânicos passarem férias sem cumprir quarentena no regresso, foi hoje confirmado.

Portugal, onde foram identificados vários surtos localizados nas últimas semanas, não está na lista de 59 países e territórios hoje publicada, que inclui Espanha, Alemanha, Grécia, Itália, Macau ou Jamaica.

"Esta lista poderá ser aumentada nos próximos dias, após discussões adicionais entre o Reino Unido e parceiros internacionais”, indicou o ministério dos Transportes britânico numa nota publicada na sua página oficial.

Em declarações à Lusa, o chefe da diplomacia portuguesa considerou hoje esta decisão como um “absurdo” que causa “muito desapontamento”, trazendo ainda graves consequências económicas e de confiança recíproca.

Augusto Santos Silva assegurou que as autoridades portuguesas não vão tomar qualquer atitude de reciprocidade em relação aos britânicos que residem em Portugal, mais de 35.000, disse, e espera que o Reino Unido “corrija uma decisão errada rapidamente”.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 521 mil mortos e infetou mais de 10,88 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.587 pessoas das 42.782 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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