António Costa projetou esta medida fiscal no âmbito do Orçamento do Estado para 2022 em entrevista à TVI, conduzida pelo jornalista pelo Miguel Sousa Tavares, depois de ser confrontado com as críticas sobre a existência de uma elevada carga fiscal em Portugal.
“Estamos neste momento a fazer um trabalho muito sério para identificar a possibilidade de no próximo Orçamento do Estado para 2022 fazer aquilo que não conseguimos fazer este ano, que é mais um desdobramento de escalões”, declarou o primeiro-ministro.
Neste ponto, o líder do executivo defendeu que a prioridade vai ser no sentido de serem introduzida mudanças em dois escalões de rendimentos do IRS: o terceiro e o sexto.
“No terceiro escalão, que cobre rendimentos entre os 10 mil e os 20 mil euros, temos uma enorme diferença. Depois, há o sexto escalão, entre os 36 mil euros e os 80 mil euros, onde há uma diferença gigantesca”, apontou.
Na entrevista, em matéria de tributação, António Costa recusou que Portugal se destaque na União Europeia por ter uma carga fiscal elevada, mas apresentou uma justificação para o peso atual dos impostos no país.
“Como se recordam, no tempo da troika, houve uma grande compressão dos escalões [de IRS]. Nós já fizemos um primeiro desdobramento dos escalões, tínhamos previsto fazer um segundo desdobramento para este ano e tivemos de adiar por causa da crise”, disse.
Covid-19: Costa assume que se temeu que o país fosse ao fundo na crise pandémica, mas economia portuguesa resistiu
O primeiro-ministro assumiu hoje que se chegou a temer que o país fosse ao fundo na crise pandémica, mas considera que a economia portuguesa resistiu e pode agora partir por “águas safas e com ventos de feição”.
“Vivemos momentos, de facto, em que tememos que fossemos ao fundo. Mas, hoje, graças à vacinação, estamos a poucas semanas de podermos considerar ter atingido um processo de controlo da pandemia. Ela não desapareceu, vai continuar a andar pelo mundo, os riscos da multiplicação de variantes em outros continentes permanecem, mas vamos conseguir atingir um ponto de segurança”, declarou o líder do executivo.
Na entrevista, o primeiro-ministro defendeu que a economia portuguesa (em particular as empresas) demonstrou uma resiliência elevada, justificando esta sua tese sobretudo com base na atual taxa de desemprego.
“Felizmente, não estamos no Titanic, nem o barco está a ir ao fundo. Pelo contrário, o barco demonstrou resistir bem à tormenta. Acho que estamos em boas condições de partir por águas safas e com ventos de feição”, sustentou.
Numa alusão à execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa disse que tem a noção “dos enormes desafios” que o seu Governo tem pela frente e recusou consequências muito negativas com o fim dos apoios do Estado à economia e às pessoas.
“Essa tendência [dos apoios] tem vindo a diminuir. Houve um momento em que a intensidade dos apoios foi muito grande, em que tivemos muitas empresas a recorrer ao lay-off e muitos empregos sustentados pelo lay-off, mas, progressivamente, esses apoios têm vindo a deixar de ser necessários”, alegou.
Neste ponto, o primeiro-ministro advogou que Portugal “está de novo a crescer acima da média europeia, como aconteceu em 2017, 2018 e 2019 “.
“Felizmente, hoje os apoios podem diminuir porque as necessidades são menores. Não viemos numa situação artificial”, acrescentou.
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