O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje que, ao mesmo tempo que se previne a expansão do novo coronavírus, é preciso “assegurar a maior normalidade possível” na vida, defendendo que só se deve encerrar escolas na margem do “estritamente necessário”.
No final de uma videoconferência com todos os membros do Conselho Europeu para acompanhamento e articulação de respostas a nível europeu ao surto de Covid-19, António Costa foi questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de encerrar escolas, cenário que o primeiro-ministro já tinha admitido esta manhã, com a antecipação das férias da Páscoa, mas cuja decisão havia remetido para o Conselho Nacional de Saúde Pública, que se reúne na quarta-feira.
“Ao mesmo tempo que temos que prevenir a expansão desta epidemia temos que assegurar a maior normalidade possível da vida de todos nós. Sabemos bem que encerrar uma escola tem um efeito muito perturbador na vida das famílias. Só podemos e só devemos fazer na margem que for o estritamente necessário”, apontou.
O primeiro-ministro fez questão de “chamar a atenção para os comunicados hoje emitidos” quer pelo Conselho de Reitores das Universidades Portugueses quer pelo Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos que “foram muito claros sobre essa matéria e sobre a adoção dessas medidas com base em informação técnica e não na iniciativa espontânea de cada um”.
“Temos que fazer este esforço que é procurar viver com a maior normalidade possível uma situação de exceção. Tanto mais, como disse uma das minhas colegas nesta videoconferência hoje, que nós temos que ter em conta que não sabemos se estamos a tomar medidas para três semanas ou para vários meses”, avisou.
Para António Costa, “não é a mesma coisa fechar uma escola três semanas, antecipando as férias da Páscoa, ou fechar uma escola por um período indeterminado”.
“Esta situação já tem o grau de incerteza suficiente para não acrescentarmos ansiedade àquela que já é a ansiedade natural. Amanhã [quarta-feira] reunirá o Conselho Nacional de Saúde Pública e nós agiremos em conformidade com o que for a posição. Porque devemos agir não em função do ‘achismo’ de cada um, mas em função da melhor informação técnica disponível”, reiterou.
O primeiro-ministro quis ainda deixar outra mensagem de tranquilidade, garantindo que “estejam onde estejam no mundo” os portugueses, a obrigação do país “é a de assegurar a sua proteção consular e dar todo o seu apoio”.
“Qualquer português que esteja, onde estiver, não deixará de contar com o apoio do Estado português e lá havemos de chegar, por muito longe que esteja, para assegurarmos o apoio. É essa a nossa função e é isso que iremos cumprir”, prometeu.
Na perspetiva do chefe do executivo, importante é também a resposta a “dar aos portugueses que estão cá”, renovando um apelo que considera fundamental: “É que a contenção depende desde logo do comportamento de todos e de cada um de nós e para isso temos de cumprir as regras com a maior exigência”.
O melhor contributo que todos podem dar, segundo Costa, é começar por “dar o exemplo”, sendo isso que tem procurado fazer.
“A semana passada houve muita gente que brincou comigo pela forma como eu agora cumprimentava as pessoas. Felizmente espero que hoje já esteja claro para toda a gente que não se trata de uma questão de má educação, mas simplesmente responsabilidade no trato social que é um exemplo que todos temos de dar uns aos outros”, reiterou.
Já sobre a decisão do Governo português de suspender os voos para todas as regiões de Itália por 14 dias, o primeiro-ministro adiantou que teve a oportunidade de informar os líderes europeus nesta videoconferência sobre este despacho.
“No que diz respeito a Itália, temos tomado as medidas na sequência e na medida que o próprio Governo italiano tem tomado. (…) Não tomámos nenhuma decisão que antecipasse a posição do Governo italiano, não fechamos as fronteiras aos italianos, agora acompanhamos o Estado italiano”, explicou.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.200 mortos.
Cerca de 117 mil pessoas foram infetadas em mais de uma centena de países, e mais de 63 mil recuperaram.
Portugal regista 41 casos confirmados de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
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