"Espanha é o principal destino das exportações portuguesas, sendo que se a Galiza fosse um país, seria o sexto destino das nossas exportações, com um volume três vezes superior ao do Brasil", sublinha Luís Ceia, num comunicado hoje enviado à imprensa.

O presidente da CEVAL, estrutura que representa cerca de 5.000 empresas do distrito de Viana do Castelo, manifesta a sua "total concordância" com as medidas tomadas até agora para travar o surto do novo coronavírus, classifica-as de "pertinentes e necessárias" e incentiva a "medidas mais drásticas, caso sejam necessárias para fazer face a esta pandemia", mas diz não poder "deixar de temer o impacto que esta limitação terá na economia da região".

"Segundo os últimos dados do EURES Transfronteiriço Portugal/Galiza, existem 4.446 espanhóis a trabalhar no Norte de Portugal, 2.010 em Viana do Castelo. O número total de espanhóis residentes em Espanha e a trabalhar no Norte de Portugal cifra-se nos 2.659, sendo que 1.816 trabalham também no Alto Minho. Já quanto ao número total de portugueses a trabalhar na Galiza é de 9.089, sendo que destes, 622 vivem em Portugal e atravessam a fronteira diariamente", lembra o responsável.

Luís Ceia aponta ainda que "31.190 veículos atravessam, por dia, as cinco fronteiras que ligam o Alto Minho à Galiza, o que corresponde a 47% do total global de veículos que todos os dias cruzam as fronteiras entre Portugal e Espanha".

"Face a estes números, e reafirmando a sua concordância com as medidas tomadas, a CEVAL teme que depois do flagelo social que esta pandemia está já a trazer a vários países europeus, também o Alto Minho sofra as consequências deste surto, receando a crise económica que daí possa advir (…) Se a tomada de decisão pela restrição de circulação nas fronteiras nos parece pertinente a ajustada face aos desenvolvimentos relacionados com o Covid-19, a CEVAL não pode deixar de temer o impacto que tal medida terá em setores como o do turismo, da restauração, ou hotelaria", reforça.

Luís Ceia acrescenta que a CEVAL irá "fazer chegar ao primeiro-ministro uma missiva explanando estas preocupações e solicitando a atenção necessária, face à especial condição do Alto Minho e da sua relação com a Galiza, na antecipação de medidas compensatórias adicionais às recentemente anunciadas pelo Governo de Portugal".