Este é um dos dados do inquérito realizado pela ‘task force’ de Ciências Comportamentais para perceber que apoios tiveram os estudantes durante a pandemia.
Segundo o estudo hoje divulgado, 50 instituições de ensino superior (IES) acionaram ou reforçaram os seus gabinetes e serviços de apoio psicológico, enquanto outras 10 tiveram mesmo de criar esse serviço durante a pandemia.
O estudo mostra ainda que nove instituições optaram por encaminhar os seus alunos para serviços externos.
Num universo de 86 universidades e institutos politécnicos analisados, 11 disseram não ter conhecimento ou não disponibilizaram informação à ‘task force’, que foi criada em março para recolher informação que permita formular políticas públicas e estratégias para fazer face à atual e a futuras pandemias.
No relatório, a ‘task force’ faz algumas recomendações às instituições como a necessidade de “implementar ou adaptar o apoio e aconselhamento psicológico”, mas também de terem programas de promoção de saúde, estilos de vida saudáveis e programas de promoção de competências sócio-emocionais.
Questionadas sobre as iniciativas levadas a cabo para promover comportamentos saudáveis, metade das instituições (43) disse ter reforçado ou mesmo implementado programas e campanhas como aulas de desporto ‘online’ para fazer em casa ou a disponibilização de receitas saudáveis.
Duas instituições admitiram não ter implementado quaisquer medidas nesta área e outras 11 não mencionaram nenhuma iniciativa ou referiram não ser aplicável.
Para os alunos que chegaram ao ensino superior em plena pandemia, metade das instituições referiram ter prestado apoio à integração dos estudantes do 1.º ano através de atividades presenciais e ‘online’ que contou com a mentoria de estudantes mais velhos ou de docentes.
“Foi ainda referida a preferência pelas aulas presenciais com alunos do 1.º ano, sempre que possível e no cumprimento das medidas de contenção do vírus covid-19”, refere o documento.
A ‘task force’ recomenda às instituições que os estudantes do 1.º ano dos ciclos de estudos devem ter um apoio reforçado ao nível da adaptação e integração e que os estudantes dos últimos anos devem ter apoio suplementar e ajustado à situação de saúde pública, sem esquecer que a transição para a vida ativa e mercado de trabalho.
O sucesso académico e a prevenção do abandono escolar é também uma das preocupações da ‘task force’, que no relatório recomenda a promoção de metodologias de ensino e aprendizagem que estimulem a autonomia e autorregulação e o desenvolvimento de práticas justas e adequadas de monitorização e avaliação das aprendizagens à distância.
Para combater o abandono, 32 instituições apostaram no apoio e tutoria por parte da coordenação do curso e dos professores que tinham “maior disponibilidade horária para atendimento e sensibilização para a sinalização e encaminhamento de casos em risco de abandono escolar”, refere o documento.
Também os serviços de apoio psicológico e social foram envolvidos no combate ao abandono, segundo o relatório que dá como exemplo o projeto “SOS Abandono” desenvolvido pela Universidade do Algarve, que tenta apoiar os estudantes através de alojamento e intervenção psicológica.
Alargar as épocas e prazos de exames e entregas de teses e relatórios e flexibilizar as regras de pagamento de propinas e emolumentos foram outras das medidas referidas por muitas instituições.
O Instituto Politécnico de Castelo Branco surge com uma ideia diferente ao ter conseguido, através de um acordo com a autarquia local, o pagamento de metade do valor das propinas dos estudantes da cidade.
Já os diretores dos cursos da Universidade de Aveiro garantem que conseguiram estar a par de um conjunto de indicadores que prediz o risco de abandono ou insucesso escolar através do “Observatório do Percurso dos Estudantes”.
Na Universidade de Coimbra tentaram, através do “Projeto Especial UC - Regressa e Acaba”, que regressassem à escola quem tinha interrompido os estudos, mas também se focaram em proteger os alunos internacionais e em mobilidade através do “Fundo de Apoio de Contingência”.
Na maioria das instituições (51 num universo de 86) os estudantes carenciados ou em situações de vulnerabilidade económica foram priorizados na disponibilização de equipamentos e rede de internet.
“As instalações que não disponibilizaram material informático facilitaram o acesso aos campus”, acrescenta o relatório, acrescentando ainda que houve sete instituições que não responderam à questão, sendo que duas referiram que estudantes não precisaram de apoio e outra que este não foi disponibilizado.
Durante a pandemia, muitas instituições também levaram a cabo iniciativas de voluntariado para a realização de projetos de sensibilização dos alunos para o reforço da solidariedade social no contexto pandémico.
Estudantes de enfermagem de várias instituições – desde a universidade de Trás-os-Montes à Madeira - apoiaram a população mais vulnerável fazendo testagem e apoiando na vacinação e realização de inquéritos.
Houve alunos que trabalharam na criação de viseiras que foram depois doadas ao Instituto Português de Oncologia e à Polícia de Segurança Pública, outros garantiram o funcionamento sem parar de uma rádio, que transmitia programas com foco na promoção da saúde mental, comportamentos saudáveis e de solidariedade social.
O relatório mostra ainda o trabalho dos alunos durante a pandemia, como aconteceu no ISPA – Instituto Universitário, onde os estudantes desenvolveram o projeto de apoio psicossocial “PsiQuaren10”, sob supervisão de docentes.
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