Depois de dois meses de ensino à distância devido à pandemia de covid-19, “entre 75 a 80% dos alunos vieram hoje às aulas”, disse à Lusa Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), referindo-se aos estudantes do 11.º e 12.º anos de escolaridade.
Estes números são “um bom sinal” para Manuel Pereira: “Já estávamos a contar que no primeiro e segundo dia as coisas fossem mais complicadas, mas acreditamos que à medida que as famílias se vão percebendo que está tudo a correr bem, o número de alunos deverá aumentar”.
Segundo Manuel Pereira, em casa ficaram os alunos cujas famílias temem ficar infetadas pelo novo coronavírus mas também alguns estudantes “que têm todas as condições para continuar a estudar em casa, sem ter de regressar à escola”.
Em algumas escolas também faltaram professores. Os profissionais com doenças crónicas, como problemas respiratórios, ou que já têm entre “74 ou 75 anos tiveram receio de regressar” e por isso avisaram que não iriam estar presentes neste final de 3.º período.
“As escolas já sabiam quem eram os docentes com quem poderiam contar e quais os que não iriam estar presentes. Desde a semana passada que têm as vagas a concurso, mas claro que existem situações difíceis de resolver”, explicou Manuel Pereira.
O Ministério da Educação permitiu às escolas aumentar os horários dos professores com horários reduzidos ou contratar novos docentes, tendo em conta que a pandemia levou também à definição de novas regras, como o distanciamento social que em alguns casos implicou o desdobramento de turmas.
No entanto, o presidente da ANDE lembrou que existem certas disciplinas e zonas do país onde, mesmo numa situação normal de arranque de ano letivo, já é difícil conseguir encontrar professores disponíveis para aceitar as vagas.
“Neste momento, em algumas escolas, está a ser ainda mais difícil arranjar professores, porque estamos a falar de um período muito curto. Mas as escolas estão a fazer tudo o que podem e a tentar ser o mais imaginativa que conseguem, começando sempre pelos recursos internos”, explicou.
Num primeiro balanço sobre a retoma das aulas presenciais, que estavam suspensas desde 16 de maio pelo Governo como forma de conter a disseminação do novo coronavírus, Manuel Pereira disse não ter conhecimento de nenhuma escola onde faltassem material de higienização dos espaços ou equipamentos de proteção que, na semana passada, foram distribuídos pelo Governo pelas mais de 500 escolas que hoje reabriam.
Além da reabertura das escolas para os alunos do ensino secundário poderem voltar a ter aulas presenciais, também hoje reabriram as creches.
Além disso, o dia de hoje também é marcado pela retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
Portugal contabiliza 1.231 mortos associados à covid-19 em 29.209 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, divulgado hoje.
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