Cotrim Figueiredo foi o único a comentar, em tom crítico, as propostas que lhe foram apresentadas numa reunião, na Residência Oficial de São Bento, em Lisboa, para fazer face à doença em Portugal.
“O encerramento de escolas e as limitações que vão ser hoje anunciadas são insuficientes”, afirmou João Cotrim Figueiredo.
A medida, segundo informação avançada por alguns órgão de comunicação social esta tarde, entra a vigor a partir da próxima segunda-feira, 16 de março.
A decisão do fecho das instituições de ensino — em linha com outros países europeus, como França, Espanha e Itália — contraria a recomendação técnica emitida esta quarta-feira pelo Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP). Os especialistas em saúde entendiam que, na fase atual de propagação do novo coronavírus, a medida era desproporcionada.
Nos últimos dias e perante o anuncio dos primeiros casos confirmados, foram várias as instituições de ensino que encerraram portas ou suspenderam aulas — lista completa aqui.
Segundo o deputado, na reunião com o primeiro-ministro, António Costa, foram “referidas algumas restrições ao funcionamento de centros comerciais, restaurantes e outros locais de diversão, mas não foi referido o encerramento”.
“Essas meias medidas não fazem jus à emergência de que estamos perante”, acrescentou o deputado único da Iniciativa Liberal.
O parlamentar da IL afirmou que, perante a situação que se vive no mundo e no país com o novo coronavírus, era melhor que “se peque por excesso” e considerou que há um “sentimento de urgência insuficiente” por parte do executivo de António Costa.
Por fim, apelou ao Governo para ter a “coragem, a firmeza e a determinação” de tomar medidas que “podem ser pouco populares, mas absolutamente essenciais”.
E, por duas vezes, apelou aos portugueses "a reduzir os contactos pessoais ao mínimo indispensável".
O deputado do IL concorda da ideia de criação de um gabinete de crise, recomendou um reforço de meios nos hospitais público, mas também o lançamento de acordos com os privados e setor social para dar resposta à crise causada pelo novo coronavírus, além de "medidas mitigadoras" para pessoas e empresas.
Horas antes, e numa conferência de imprensa curta e sem novidades, Graça Freitas, Diretora Geral de Saúde, lembrou também outras medidas que implicam mudanças das rotinas, mas que podem ser muito úteis, da lavagem de mãos a medidas de “etiqueta respiratória” (cuidados quando se espirra, por exemplo), ou medidas de distanciamento social, como evitar aglomerados.
Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, falou também do primeiro caso de recuperação da doença em Portugal, que é “um sinal de esperança”, e advertiu que as “preocupações coletivas não podem condicionar decisões políticas”.
O novo coronavírus responsável pelo Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.600 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença Covid-19 subiu para 78 esta quinta-feira, mais 19 do que os contabilizados no dia anterior, anunciou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela DGS, há ainda 637 casos suspeitos, sendo que 133 aguardam resultado laboratorial.
Existem também 4923 contactos em vigilância pelas Autoridades de Saúde. Mantêm-se, até ao momento, as seis cadeias de transmissão ativas.
Esta quarta-feira, fonte do Serviço Nacional de Saúde (SNS) confirmou à Lusa que uma das primeiras pessoas internadas no Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, infetada pelo Covid-19 está curada, depois de dois testes negativos.
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